Numa altura em que se debate a outorga do grau de doutor pelos politécnicos, o Conselho Coordenador (CCISP) que os representa vinca que, em causa, estão "doutoramentos profissionais e de interface". Numa estreita ligação com "as empresas e com as necessidades da região" onde se encontram, explica a presidente do CCISP, Maria José Fernandes.
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Nos esclarecimentos enviados à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, aquele Conselho considera que a alteração legislativa em discussão na especialidade, sendo aprovada, reforçará "o acesso à ciência baseada na prática pelas empresas implementadas ao longo de todo o território nacional". Defendendo que o sistema binário sairá reforçado.
Ao JN, Maria José Fernandes salienta que não se pretende ministrar "doutoramentos académicos, mas específicos e relacionados com as necessidades das empresas e da região". Em linha, recorda, com o que foi recomendado, em 2019, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
Unidades de investigação
Das 223 unidades de investigação e desenvolvimento (I&D) avaliadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia com Excelente ou Muito Bom, 11 estão sedeadas nos politécnicos. Das quais cinco classificadas com Excelente, com o Politécnico de Bragança e o do Porto com duas cada e o de Leiria com uma unidade. Para atribuírem o grau de doutor, recorde-se, as instituições têm de ter, pelo menos, 75% dos docentes do doutoramento em unidades de investigação com a classificação mínima de Muito Bom.
Para a presidente do CCISP, "é um feito histórico, porque mesmo sem doutoramentos conseguimos ter estes 11 centros de I&D, imagine se tivéssemos doutoramentos". Explicando Maria José Fernandes que aquele grau "permite às universidades uma maior projeção, com projetos, com patentes".
Nos esclarecimentos enviados aos deputados, aquele Conselho sublinha "que as atuais limitações legais impedem que estes centros de excelência possam potenciar a sua capacidade, privando várias empresas e organizações de aceder a níveis superiores de conhecimento e de tecnologia". O que, em última instância, frisam, "acaba por limitar o crescimento económico português".