Os portugueses estão mais satisfeitos do que a generalidade dos europeus com o funcionamento da democracia, seja no país (62%), seja na Europa (65%), de acordo com os resultados mais recentes do Eurobarómetro. Entre os valores mais importantes a defender pelo Parlamento Europeu escolhem o da igualdade entre homens e mulheres (32%). Nas políticas, a prioridade das prioridades deve ser a saúde pública (72%).
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Quando o que está em causa é o funcionamento da democracia ao nível da União Europeia, o entusiasmo dos portugueses só é ultrapassado por quem vive na Irlanda (84%), Dinamarca (72%) e Luxemburgo (70%) e está muito acima da média europeia (53%) dos espanhóis (51%), franceses (44%), ou gregos (34%), claramente os mais desiludidos, de acordo com a vaga mais recente do Eurobarómetro, que inquiriu 26 mil cidadãos dos 27 estados da União Europeia, incluindo mil portugueses.
Quando a avaliação incide sobre as instituições e os políticos caseiros, a satisfação cai três pontos (62%), com os portugueses a serem ultrapassados, não só pelos cidadãos dos três países referidos acima, mas também por suecos, finlandeses, alemães, holandeses e belgas. Ainda assim, a confiança na democracia nacional é superior à média europeia e de novo bastante superior à fé que manifestam franceses (51%), espanhóis (49%), gregos (33%) e eslovenos (32%), que ocupam o fundo da tabela.
Igualdade de géneros
Esta satisfação com o funcionamento da democracia, a nível nacional, como em Bruxelas e Estrasburgo, ajuda a explicar a divergência entre portugueses e europeus, quando se pergunta quais são os valores mais importantes a defender pelo Parlamento Europeu (foram permitidas um máximo de três respostas): para a generalidade dos europeus, o valor mais importante é o da democracia (32%); para os portugueses é a defesa da igualdade entre homens e mulheres (32%). Sendo que esta questão é particularmente importante para as portuguesas (mais 14 pontos percentuais do que os homens) e para os mais jovens (38%), sendo evidente que este é um valor que perde importância à medida que o cidadão português fica mais velho.
Em segundo lugar, e de novo para o conjunto dos europeus, vem a defesa da liberdade de expressão e pensamento (27%), enquanto para os portugueses, a segunda tarefa mais importante dos eurodeputados deve ser a de zelar pela solidariedade entre estados-membros e entre as suas regiões (30%). Um resultado a que não será alheia a importância dos fundos europeus nas políticas de desenvolvimento em Portugal. Os homens (mais nove pontos do que as mulheres) e os trabalhadores independentes (com 50%) são os segmentos que dão maior importância a este ponto.
Os portugueses (27%) só coincidem com o conjunto dos europeus (25%) relativamente ao terceiro valor mais importante: a proteção dos direitos humanos na Europa e no Mundo. Com uma originalidade nacional, uma vez que é exatamente a mesma percentagem que defende a importância da defesa da dignidade humana, incluindo a proibição da pena de morte, a tortura ou a escravatura. Com destaque, neste último caso, para os portugueses que vivem em grandes zonas urbanas (40%).
Prioridade à saúde pública
Quando se pergunta por prioridades políticas concretas (foram aceites quatro respostas), a sintonia entre europeus e portugueses é total nas quatro mais importantes, ainda que não pela mesma ordem nem na mesma percentagem de adesão. Num tempo marcado pela pandemia (os inquéritos foram realizados em novembro e dezembro do ano passado, quando se assistia, todos os dias, ao aumento do número de infeções), a prioridade das prioridades do Paramento Europeu deve ser a saúde pública, dizem 42% dos europeus e 72% dos portugueses, com destaque para os domésticos (87%).
Seguem-se as políticas de combate à pobreza e à exclusão social: 40% dos europeus e 61% dos portugueses, em particular os reformados (78%); e, em terceiro lugar, no caso de Portugal, o apoio à economia e à criação de emprego: 60% escolhe esta política prioritária, com destaque para os 70% de respostas entre os trabalhadores independentes. Finalmente, surge o combate às alterações climáticas (41% dos portugueses e em particular 63% dos estudantes), uma prioridade política que a generalidade dos europeus (39%) coloca à frente das ajudas específicas à economia e ao emprego (32%).
Outros dados
55% dos portugueses reclamam mais informação sobre a forma como são gastos os fundos europeus. A segunda área em que exigem mais informação entronca com a primeira: o que é que a União Europeia fez ou mudou em concreto na minha cidade, região ou país (39%).
47% dos portugueses têm uma imagem positiva do Parlamento Europeu e cerca de dois terços (67%) querem que este órgão assuma um papel mais importante. A satisfação lusa é maior do que na generalidade dos europeus (36%). Apenas 7% dos portugueses fazem uma avaliação negativa do trabalho dos eurodeputados.
77% dos portugueses entendem que a pertença à União Europeia é uma coisa boa (62% da generalidade dos europeus); 88% garantem que Portugal ficou a ganhar por fazer parte da Europa; e 63% dizem-se otimistas quanto ao futuro da União.
50% dos portugueses não concorda com a ideia de que a sua voz conta na Europa (44% concorda). Quando o que está em causa são os destinos do país, já são mais os que concordam que a sua voz conta (53%) do que os que permanecem pessimistas (43%).