O preço da habitação é um dos maiores entraves no acesso e permanência do ensino superior disseram, esta quinta-feira, no Porto, membros de associações académicas durante um debate sobre educacão e ensino que reuniu várias personalidades e membros de partidos políticos, esta quinta-feira no Porto.
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Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), afirmou que o preço da habitação em Portugal é o maior obstáculo ao acesso e permanência dos jovens no ensino superior
Susana Peralta, especialista em economia pública e política, apontou ainda que o investimento no ensino deve ser fomentado muito antes da entrada na faculdade, sendo que a educação começa no momento em que se nasce, disse na segunda edição da Cimeira de Ensino.
A habitação é uma das questões mais debatidas nos dias que correm, especialmente no que diz respeito à situação dos estudantes deslocados. O preço do aluguer de um quarto está cada vez mais elevado, o que torna insustentável para alguns estudantes continuarem os seus estudos, disseram vários representates dos estudantes.
Durante a cimeira, foi evidenciado que os estudantes do Porto pagam, em média, 415 euros por um quarto, o que constitui o principal entrave no acesso ao ensino superior e à saída de casa dos pais. O presidente da FAP subscreveu a preocupação e meteu a habitação na sua lista de prioridades: “antes da propina vem o alojamento”, disse.
No debate que pretendia responder à pergunta “Problemas na oferta ou na procura?” na área da habitação, Carlos Guimarães Pinto, deputado da Iniciativa Liberal e cabeça de lista pelo Porto, Miguel Costa Matos, deputado do Partido Socialista, Rita Alarcão Júdice, do PSD, e João Ferreira, ex-eurodeputado pelo PCP, participaram numa conversa acesa sobre o assunto.
Do lado do PS discutiu-se a redução da procura com o fim dos vistos gold e o programa do partido Mais Habitação, que o PSD já disse que pretender acabar caso ganhe as eleições.
"Só se fala dos professores"
Na conversa sobre propinas, Maria Castello Branco, consultora política e membro da Iniciativa Liberal, alertou que vários estudos indicam que a medida da propina zero beneficia os alunos com contextos socioeconómicos mais elevados.
Segundo a oradora, os alunos com menos posses, quando chegam aos quinze anos, apresentam dois anos de diferença no nível de educação face aos de famílias mais favorecidas, mencionando criticamente que “a forma de acesso ao ensino superior está estragada”.
Francisco Porto Fernandes reforçou as suas preocupações, aliadas às dos jovens estudantes espalhados por todo o país. Para o presidente da FAP, “o ensino superior é esquecido” e tem continuado a sê-lo na campanha eleitoral. Arriscou ainda a dizer que na “educação só se fala dos professores”.
Foram abordadas outras questões associadas à educação, nomeadamente a dificuldade em conseguir avaliar a eficácia de uma medida, uma vez que as suas repercussões só se verificam anos mais tarde.
Jorge Pinto, cabeça de lista do Livre pelo Porto, substituiu Rui Tavares, e apresentou várias formas de financiar a propina zero, nomeadamente a contribuição das empresas e pedir a quem beneficiou do ensino superior que o financie de forma voluntária.
Fórmula para criar oportunidades de trabalho
Rui Rio, ex-líder do PSD, abriu a sessão programada pelos jovens para explicar aos estudantes presentes quais as competências essenciais atualmente procuradas por um recrutador.
À sorte e ao destino, disse, juntam-se alguns elementos como a formação técnica, vontade de aprender, articulação da teoria com a realidade, comunicação e cultura geral. Estas são as qualidades que podemos controlar, ao contrário da situação económica portuguesa, disse.
A cimeira teve ainda outros dois debates centrados no ensino superior com Alexandre Poço, Pedro Freitas, Luís Aguiar-Conraria e Marisa Matias, e no desenvolvimento da educação, com António Leitão Amaro, Cecília Meireles, Isabel Pires e Pedro Siza Vieira.
A segunda edição da Cimeira de Ensino decorreu esta quinta-feira na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.