O Presidente da República insistiu, esrte sábado, na necessidade de compromissos interpartidários imprescindíveis para garantir a estabilidade política e a governabilidade do país, recusando o conflito, a crispação, a conflitualidade política e a agressividade verbal.
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"Ao fim de quatro décadas de democracia, os agentes políticos devem compreender, de uma vez por todas, que a necessidade de compromissos interpartidários é intrínseca ao nosso sistema político e que os portugueses não se reveem em formas de intervenção que fomentam o conflito e a crispação e que colocam os interesses partidários de ocasião acima do superior interesse nacional", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no seu último discurso na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República.
Retomando os apelos ao consenso e diálogo, Cavaco Silva sublinhou que só desse modo será possível alcançar "compromissos imprescindíveis para garantir a estabilidade política e a governabilidade do país" e para enfrentar com êxito os desafios que o futuro coloca.
Contudo, acrescentou, apesar da "nova fase da vida nacional" que se vive, já com a economia a dar sinais de crescimento e criação de emprego e as contas públicas equilibradas, Portugal continua a enfrentar desafios de médio e longo prazo que não se esgotam no horizonte temporal de uma legislatura, sendo essencial "medidas concretas a pensar no futuro" para construir um país mais justo e desenvolvido.
Reconhecendo que o controlo da despesa pública, o endividamento do Estado e a competitividade da economia continuam a ser "decisivos para o futuro", o Presidente da República alertou para a necessidade dos agentes políticos terem "a consciência clara" de que devem mobilizar os portugueses para estes desafios, caso contrário de pouco valerão os sacrifícios feitos e que, "em muitos casos, deram azo a situações dramáticas, algumas das quais ainda hoje se mantêm".
"Pensar o futuro de Portugal significa, antes de mais, proceder ao diagnóstico dos nossos problemas de fundo e apontar linhas de rumo que devem ser assumidas pelas diversas forças políticas", advogou, destacando a quebra da natalidade e o envelhecimento da população como problemas como graves que Portugal enfrenta.
"O envelhecimento populacional não só reduz o crescimento potencial da economia como aumenta a pressão sobre as contas públicas, através das despesas de pensões e de saúde. Mais grave ainda, o facto de cada vez nascerem menos crianças significa que, no futuro, teremos menos jovens empreendedores, menos cidadãos ativos e criativos, menos trabalhadores qualificados", referiu, insistindo na "urgência em promover uma estratégia de aumento da natalidade".
Além disso, acrescentou, "é essencial fomentar o regresso daqueles que, em resultado da crise económica e financeira, decidiram partir rumo ao estrangeiro", a maioria dos quais jovens altamente qualificados.
