José Sócrates foi detido em novembro, dois meses depois de António Costa derrubar António José Seguro na liderança do PS. Desde então, um das questões políticas mais debatidas tem que ver com o impacto que o escândalo poderá ter nos resultados das próximas eleições legislativas.
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De acordo com uma sondagem da Universidade Católica para o JN, DN, Antena 1 e RTP, a maioria dos portugueses (54%) tem como certo que a prisão e o processo judicial vão influenciar o resultado (42% dizem não). Entre os que acham que terá influência, a esmagadora maioria (88%) diz que vai "prejudicar o PS".
Como o JN ontem noticiou, a sondagem da Católica atribui agora uma ligeira vantagem à coligação PSD/CDS sobre o PS (38% contra 37%). Sendo que, na consulta anterior, realizada em outubro, poucos dias depois da vitória de Costa sobre Seguro, mas ainda antes da prisão de Sócrates, os socialistas conseguiam uma vantagem esmagadora sobre PSD e CDS (45% contra 32%). De então para cá, com a detenção do ex-primeiro-ministro e uma intensa cobertura mediática do processo pelo meio, a confortável vantagem de 13 pontos percentuais do PS desfez-se e o partido passou para segundo lugar nas intenções de voto.
Vitória do PS sem maioria
Ainda assim, e de acordo com uma outra pergunta feita aos inquiridos, há uma maioria razoável que aponta ainda para uma vitória do PS (54%). Os que apostam numa vitória da coligação Portugal à Frente são bastante menos: 32%. Seja qual for o resultado, nenhum deles deverá conseguir uma maioria absoluta: é isso que dizem 65% dos inquiridos. Um sentimento e uma percentagem comum quer entre os que acreditam que a vitória será do PS, quer entre os que vaticinam o primeiro lugar ao PSD/CDS.
Sem maioria absoluta, ganha ainda mais relevância o que pensam os portugueses sobre qual deverá ser a solução de Governo. E no caso de serem ainda os socialistas a recuperar o primeiro lugar, a opção preferida é a de uma aliança à Esquerda (35%). Segue-se a solução de uma aliança com a Direita (28%) e, finalmente, a tentativa de governar em minoria (21%).
No caso se ser a coligação a conquistar a preferência dos portugueses, ainda que sem maioria, a ordem das preferências é diferente: a favorita é a solução de um Governo minoritário do PSD/CDS (34%), ainda que a poucos pontos de distância apareça a necessidade de se lhes juntar o PS e formar um bloco central (30%). O reforço da coligação de Direita com qualquer outro partido não especificado só conquista a preferência de 16% dos inquiridos.
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo CESOP-Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 13, 14, 15 e 16 de junho de 2015. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1048 inquéritos válidos, sendo 55% dos inquiridos do sexo feminino, 31% da região Norte, 24% do Centro, 32% de Lisboa, 6% do Alentejo e 7% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e do Censos 2011. A taxa de resposta foi de 77%**. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1048 inquiridos é de 3%, com um nível de confiança de 95%.
** A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; e recusas.