Isolamento está entre os principais problemas que surgem nas sessões orientadas por psicólogas.
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A Associação de Psicologia da Universidade do Minho (APsi) está a coordenar o programa "Vida", que coloca casais e mulheres que foram mães durante a pandemia em diálogo, ajudando a melhorar a saúde mental. "As pessoas sentem-se muito isoladas, principalmente as puérperas que não têm os companheiros em casa em teletrabalho", elucida a responsável pelo projeto, Bárbara Figueiredo, que tem orientado as sessões com a psicóloga Ana Paula Camarneiro.
O programa começou a ser desenhado em março do ano passado, por um conjunto de investigadores e profissionais, desde a área da enfermagem à psiquiatria, de Portugal e do Brasil, no âmbito do grupo de língua portuguesa da Sociedade Marcê Internacional, que se destina à saúde mental perinatal, da qual Bárbara Figueiredo faz parte. "Delineamos um conjunto de recomendações, foi feito um documento que foi publicado, por exemplo, pela Ordem dos Psicólogos e no site da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental", conta a investigadora, admitindo que o programa não teve os resultados esperados até iniciarem, este ano, sessões online e em grupo.
Solidão e distância
Arrancou com oito participantes, em sessões quinzenais, mas a ideia é passar a realizar encontros online semanais, divididos por casais e por puérperas. "Ao partilharem como se sentem e porque se sentem desta forma diminuem o isolamento e aumentam a compreensão sobre o que estão a viver", explica Bárbara Figueiredo, revelando que a principal preocupação registada é a sensação de solidão e de distância da família, em especial dos avós, que não podem envolver-se no crescimento dos netos.
"Há muitas pessoas que cumpriram a 100% as regras do confinamento, não obstante a dor associada", adianta Ana Paula Camarneiro, relatando que as novas tecnologias minimizam o sofrimento e permitem uma ligação dos recém-nascidos com a família. "Temos uma mãe com um bebé de seis meses que diz que ele fica todo contente quando ouve o sinal da videochamada para os avós", exemplifica.