Pela segunda vez desde dezembro, o Parlamento debateu a criação de um círculo nacional de compensação nas eleições legislativas. IL, BE, Livre e PAN apresentaram propostas nesse sentido, Chega e PCP não se opõem, mas PSD e PS sim. Os projetos de IL, BE e Livre baixaram à especialidade sem votação.
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O projeto de lei do BE propõe um círculo de compensação - que já existe nas eleições regionais dos Açores - de dez deputados. O da IL sugere que este seja composto por 30 mandatos e o Livre por 37, ao passo que o PAN defende a agregação de alguns círculos. Todos defendem que o objetivo é diminuir o número de votos desperdiçados - que, nas últimas legislativas, terão sido mais de 750 mil.
Hugo Carneiro, do PSD, disse não compreender que o Parlamento discuta este tema pela segunda vez "num tão curto espaço de tempo". Sustentou que isto só ocorre devido a uma "competição entre Livre e IL" - os partidos que agendaram os debates - e considerou que os defensores do círculo de compensação querem apenas ter um "ganho de secretaria", aumentando a sua representação de forma artificial.
Sem surpresas, o social-democrata manifestou a sua oposição a estas iniciativas, anunciando que o PSD não iria participar numa "farsa". Também alertou que algumas das propostas "penalizam" o interior do país, considerando ainda "enganoso" que existam votos perdidos.
No essencial, esta foi também a posição do PS. O deputado Pedro Delgado Alves comparou a insistência neste debate ao comportamento de uma marmota - que, de tempos a tempos, sai da toca para ver se ainda é Inverno. Dizendo fazer a "defesa da honra do sistema eleitoral", considerou que este "não é perfeito" mas "tem vindo a cumprir a sua missão".
Delgado Alves alertou que não é suposto que todos os votos sejam convertidos em mandatos, já que o princípio que vigora não é o do "uma pessoa, um mandato". Disse que quem alega que, nos círculos menores, só PSD e PS têm reais possibilidades de eleger deputados está a "menorizar" esses eleitores.
O PS levou a debate um projeto de resolução (ou seja, sem força de lei) para proceder à codificação da lei eleitoral. O PSD mostrou-se disponível para o fazer e o diploma foi aprovado na generalidade, com a abstenção do Chega.