"Vocês estão a falhar redondamente. Falta uma bandeira, qualquer coisa azul e branca para se perceber que estão a fazer campanha pelas europeias. Assim, com bandeiras de Portugal e do PSD parece que é para as legislativas".
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O conselho de um eleitor que tentava comprar gelados na marginal de Matosinhos foi bem acatado pelo ex-ministro José Pedro Aguiar-Branco, que ia à frente da comitiva a anunciar a chegada do cabeça de lista Paulo Rangel. "Olha, aí está uma questão para ter em conta", disse.
A conversa não se alongou. Mas, poucos minutos depois, percebia-se o quanto era acertada, quando uma eleitora disse a Rangel que não poderia votar nele por não ser de Matosinhos. "De onde é que é então?", questionou o candidato do PSD. "Sou de Valongo", respondeu a mulher. "Mas também pode votar lá", atirou Rangel, explicando que a ação de campanha destinava-se às europeias.
Apesar disso, Rangel acredita que as pessoas estão mais mobilizadas. "Existe uma maior consciência europeia do que há dez anos. E são os últimos 15 dias de campanha que são os mais decisivos", referiu ao JN.
Costa só procura votos
Embora os próximos cinco anos tragam três desafios importantes para Portugal na União Europeia - Rangel destaca a perda de fundos comunitários, o ajustamento do orçamento comunitário às economias do sul e as alterações climáticas -, o debate político desvia-se sempre para matérias nacionais. Prova disso, o facto de o cabeça de lista do PSD ter insistido, de manhã, em Vila do Conde, no apelo para que nas eleições europeias do dia 26 seja dado um "cartão amarelo fortíssimo" ao Governo de António Costa.
"Só governa e só toma medidas para aquilo que pode dar votos e não olha para as pequenas políticas que põem a administração pública a funcionar e fazem as grandes mudanças", justificou Paulo Rangel.
Já em Matosinhos, as atenções de Rangel voltaram-se para o cabeça de lista socialista que, em Mangualde, acusou-o de ser "um candidato fake". "Não se conhece dele uma única medida favorável a Portugal", atirou Pedro Marques.
"Estamos na época das fake news", reagiu Rangel, referindo que ajudou Portugal a evitar sanções, a ter um fundo de solidariedade para Pedrógão e um Mecanismo Europeu de Proteção Civil. "É mesmo de quem não tem argumentos. Um mau ministro nunca será um bom deputado", insistiu, acusando Pedro Marques de nada ter feito na ferrovia, de mau aproveitamento dos fundos europeus e de ter responsabilidades na futura perda de apoios.