Admitir um erro e procurar perdão nem sempre é fácil. As características narcísicas, a baixa autoestima e certas experiências de vida servem frequentemente de entrave. Mas é algo que pode (e deve) ser trabalhado.
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Em casa, no trabalho, numa relação a dois ou numa amizade de longa data, já todos experimentámos a frustração que vem com o pedido de desculpas que não chega - mesmo que seja para nós óbvio que o merecemos. Ou então a sensação oposta: o peso na consciência por algo que fizemos errado, sem que nos sintamos capazes de verbalizar uma palavra tão simples e que, por vezes, custa tanto a sair.
Alberto, 32 anos, natural do Marco de Canaveses, reconhece que pedir desculpa não é algo que o deixe confortável. Mas há desculpas e desculpas. Se estiver em causa um ato não intencional e pouco relevante - um gesto inadvertido que atinge por engano quem está o lado, por exemplo -, o “desculpa” sai-lhe de imediato. Se se tratar de uma situação que implique pessoas que não sejam particularmente próximas, também é mais fácil. O mais difícil, admite, é mesmo quando a necessidade de pedir desculpa se coloca no contexto de uma relação com alguém próximo, ainda mais se estiverem a meio de uma discussão. Porquê? “Nunca pensei nisso”, começa por dizer. Mas ao fim de longos segundos a pensar sobre o assunto avança com algumas teorias. “Por um lado, se estiver a ser confrontado com algo que fiz num tom que não me agrade, fico na defensiva. Aí é que não vou pedir desculpa de certeza. Por outro, parece que se pedir desculpa uma vez, depois vou ter de pedir sempre.” E isso é coisa para o deixar com o estômago às voltas. Mais não consegue explicar. Mas desconfia que o facto de a mãe nunca ter sido boa a pedir desculpa possa ter o seu peso.