Um ano após as autárquicas, os partidos já preparam terreno para as eleições de 2025, que serão uma prova de fogo para as lideranças e para os eleitos, uma vez que a limitação de mandatos mudará cerca de metade dos presidentes de câmara. Dos 308 presidentes, cerca de 43% terão de sair, o que constitui um risco, mas também uma oportunidade de mudança. Incluem 47 dos 114 eleitos pelo PSD, e 64 dos 148 do PS que, segundo as contas do partido, estão no terceiro e último mandato.
Corpo do artigo
Mais de duas centenas de eleitos para os órgãos locais a 26 de setembro de 2021 já não estão em funções.
Comunicadas ao MAI
Segundo adiantou ao JN o Ministério da Administração Interna (MAI), as câmaras, a quem cabe comunicar a substituição de eleitos locais, já informaram a Administração Eleitoral da Secretaria Geral do MAI que houve 240 substituições no total de autarcas eleitos em 2021. A Administração Eleitoral desconhece os motivos, por não ter acesso a essa informação.
Se olharmos apenas para presidentes, uma vez comparadas as listas de eleitos em 2021 e de autarcas em exercício, as mudanças são quase inexistentes. O autarca de Caminha, Luís Miguel Alves, renunciou este mês por ter sido nomeado secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Em Tondela, José António Jesus (PSD) suspendeu o mandato e foi substituído por Carla Borges devido a um processo judicial.
No último mandato está o comunista do Seixal, Joaquim Santos. Em agosto, anunciou a renúncia, que ainda não concretizou. Também o histórico Carlos Carreiras, que não pode recandidatar-se a Cascais, admitiu renunciar em breve.
Porto e Gaia na mira
A Norte, destacam-se o independente Rui Moreira, que não se pode recandidatar ao Porto, e o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, que terá de deixar a presidência de Gaia. Duas autarquias que estão na mira dos dois maiores partidos, havendo já movimentações. Em Gaia, uma plataforma procura abrir caminho ao regresso de Luís Filipe Menezes (ler página seguinte).
Questionado pelo JN sobre 2025, por saírem cerca de metade dos presidentes, Hugo Soares, secretário-geral do PSD, destacou que estas autárquicas são "particularmente desafiantes" e "são uma preocupação e prioridade para esta direção". Já começou esse trabalho com o líder do partido e o coordenador autárquico.
João Torres, secretário-geral adjunto do PS, nota que o partido acaba de lançar a Academia Socialista do Poder Local para "melhor capacitar a sua intervenção", tanto "nos territórios onde venceu disputas eleitorais, como naqueles em que assume, com igual afinco, responsabilidades de oposição". Além disso, "encarando com otimismo a preparação das próximas eleições, e em respeito pelos estatutos, o PS terá em outubro e novembro eleições internas nas estruturas de secção, concelhias e federativas."
A SABER
Para o Governo
O vice-presidente de Caminha, Rui Lages, assume agora a presidência, após Luís Miguel Alves ter ido para secretário de Estado Adjunto de António Costa.
Processo judicial
José António Jesus, de Tondela, foi condenado a prisão, com pena suspensa, e a perda de mandato por peculato e falsificação de documentos. E já prorrogou a suspensão que pediu em janeiro por aguardar resposta a recurso.
Saídas anunciadas
Tal como o autarca do Seixal, eleito pela CDU, também o social-democrata Carlos Carreiras promete sair em breve. Intenção que comunicou num plenário concelhio do PSD. O seu número dois é Miguel Pinto Luz, vice do partido.