Em 16 colégios, todos do Norte, mais de 40% das notas atribuídas são a classificação máxima no Secundário, Destes, apenas três surgem no topo do "ranking".
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Os alunos de nota 20 têm os melhores resultados nos exames? Nem sempre. Pelo menos, é o que indicam os dados relativos às notas internas em 2022, revelados pelo ministério da Educação. Há colégios onde mais de metade das notas atribuídas são 20"s mas que ficam em 162.º ou em 142.º no ranking com médias de 12 nos exames.
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De acordo com os dados, do total de notas atribuídas por colégios quase um quarto (23,11%) foram 20"s. Nos agrupamentos, a nota máxima correspondeu a 5,4% das classificações. Em 50 colégios (entre 101), mais de 20% das notas foram 20"s. Entre 478 secundárias, só em três essa percentagem foi superada.
O Governo pretende rever o regime sancionatório dos privados para punir a inflação de notas. "Temos de ter instrumentos rígidos contra comportamentos desviantes", afirmou João Costa num encontro sobre a divulgação dos rankings.
Concorrer com exames
A escola que maior percentagem de 20"s atribuiu foi o Colégio Lourdes, em Santo Tirso: 60% das notas. Pelos exames, a escola ficou na 162.º lugar no ranking com uma média de 12,25 valores. No Didálvi (Barcelos) mais de metade das notas (52,75%) são 20, a escola ficou em 142.º lugar da tabela com uma média de 12,37. Dos 16 colégios onde mais de 40% das notas são 20"s, só três surgem no topo do ranking: o Efanor, o Nossa Senhora do Rosário e o D. Diogo de Sousa. Destes 16 colégios, 11 são no distrito do Porto, três em Braga, um em Aveiro e um Coimbra. Duas das três públicas também são no distrito do Porto e a outra em Bragança.
Sobre o agravamento das sanções, a presidente do Sindicato de Inspetores de Educação, sublinha que a legislação em vigor já prevê o fecho compulsivo de colégios e a demissão de professores nas públicas. Bercina Calçada frisa que há 150 inspetores para mais de oito mil estabelecimentos.
"A inflação aumentou com o enfraquecer da inspeção", assegura, defendendo que o reforço da fiscalização devia ser a aposta até porque as sanções nada corrigem quanto a alunos beneficiados ou penalizados.
Gil Nata e Tiago Neves, investigadores da Universidade do Porto que estudam a inflação de notas, defendem sanções para escolas com notas desalinhadas dois anos consecutivos. Uma medida possível, propõem, é as notas internas deixarem de contar para o ingresso no Ensino Superior dos alunos desses colégios que só poderiam candidatar-se com os resultados dos exames. "Seria um fortíssimo incentivo para alinharem as notas", defendem.
Disciplinas
Educação Física e opções com melhores notas
No público ou privado as disciplinas de opção anuais (12.º) são as que têm notas mais elevadas. Na análise à percentagem de "20"s" atribuídos pelas escolas, em 2022, mais uma vez sobressai uma enorme discrepância entre os dois setores de ensino. Se nos colégios em oito disciplinas (três anuais) mais de 40% dos alunos têm a nota máxima. Nas secundárias essa proporção só se verifica em duas disciplinas. Vamos a exemplos: Materiais e Tecnologias, mais de metade (55,42%) das notas atribuídas no privado foram 20"s. No público, foram 11,48%. Aplicações Informáticas B, nos colégios foram atribuídos 46,10% de 20"s, nos agrupamentos 28,28%. A Psicologia B, houve 42,23% de 20"s nos colégios e 10,66% nas secundárias. Já a Educação Física, a anual com melhor média nos dois setores, 26% das notas atribuídas no privado foram a classificação máxima, no público foram 6,18%.
Um estudo da DGEEC, revelou que entre 2017 e 2022, 11 opções tiveram sempre média de 20 como moda. Desde janeiro, a Inspeção-Geral de Educação fez averiguações em 39 escolas (37 privadas e 2 públicas) e em sete ordenou que fosse reposta a legalidade nos critérios de avaliação.