Para o presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, Carlos Silva, em Portugal "está a falhar tudo" o que respeita à distribuição e aplicação das verbas para a coesão. O também autarca de Sernancelhe esteve esta manhã no Comité das Regiões Europeu, em Bruxelas, num momento simbólico de adesão à Aliança da Coesão.
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Esta foi já a segunda vez que a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro esteve em Bruxelas, na Semana Europeia das Regiões e dos Municípios, a aderir à Aliança da Coesão. Nesta manhã, em declarações ao JN, o presidente daquela CIM, Carlos Silva, assumiu que a presença desta associação de 19 municípios no Comité das Regiões Europeu traduz-se na importância de "não deixar que esta coesão territorial, em termos europeus, acabe".
"O que é pensado em Bruxelas tem de ser feito em Portugal. É preciso criar transversalidade, permitir que as regiões possam crescer e procurar a dita convergência. Estamos a dizer à Europa que estamos dispostos a colaborar no verdadeiro impulso que a Europa precisa: criar dinâmica, ser uma Europa cada vez mais forte e uma Europa cada vez mais solidária", observou.
"Má aplicação e má distribuição"
Por outro lado, o também autarca de Sernancelhe, eleito pelo PSD, não poupou críticas à forma como, em Portugal, têm sido aplicadas e distribuídas as verbas para a coesão. "O problema é que muitas das verbas vão para a coesão, mas depois não estão ao seu serviço", referiu.
Reconhecendo que a região do Douro melhorou nos últimos 40 anos, Carlos Silva admite, ainda assim, um maior distanciamento de Lisboa no que toca a dinâmicas económicas e sociais. "Estamos cada vez mais distantes dos grandes centros urbanos. Em Portugal, continua a haver uma má distribuição e uma má aplicação daquilo que são as verbas para a coesão. Se fizéssemos isso com mais cuidado e fôssemos mais sérios na aplicação das verbas, o interior não estaria como está", critica.
Mas então, o que está a falhar? O presidente da CIM do Douro responde: "Está a falhar tudo".
"Reivindicamos uma linha [ferroviária] do Douro há anos. Viemos cá, a Bruxelas, assinar o mesmo documento em 2017 ou 2018, com o anterior presidente do Comité das Regiões e assistimos à apresentação de um plano da ferrovia. Um dos exemplos era entre França e Espanha e outro Portugal. A de França já foi inaugurada, está a funcionar, e quanto à do Douro, só agora está a arrancar o projeto", revelou.
"Não afundem mais a região"
Carlos Silva diz esperar que a presença desta comunidade em Bruxelas "sirva para mostrar ao país e ao Governo que estamos unidos e determinados". "Temos um músculo económico em zonas empresarias muito forte, nas áreas da agroindústria, metalo-mecânica e construção civil. Somos já muito fortes e temos boas zonas empresariais, só que são ilhas. E para se sair com um camião dessas ilhas para um sítio qualquer é uma odisseia", lamentou.
O também presidente da Câmara de Sernancelhe deixa, assim, um concelho: "Aproveitem a irreverência e a persistência que o interior tem para dar ao país. Não afundem mais a região, que faz muita falta".