Sem acordo quanto aos concursos e sem compromisso quanto à recuperação do tempo de serviço, os professores mantêm os protestos até ao final do ano letivo. Por exemplo, novas greves distritais, greves a todas as atividades (à exceção de aulas) e greves às avaliações. Para já, só uma ação tem data marcada: greve nacional e manifestação a 6 de junho, pelo simbolismo do tempo ainda não contado, seis anos, seis meses e 23 dias (6/6/23).
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O ministro da Educação considera que o novo modelo de recrutamento vai resolver "problemas fundamentais" da carreira docente, como a precariedade.
Na reunião desta quinta-feira com as organizações, João Costa colocou em cima da mesa a possibilidade de uma nova negociação arrancar dia 20 para "corrigir os efeitos assimétricos na carreira" decorrentes do congelamento, as "desigualdades" na redução do tempo letivo na monodocência (1.º ciclo), a redução da burocracia e a regularização de técnicos especializados. Mário Nogueira garantiu, à saída do ministério, que o ministro fez depender essas reuniões do fim dos protestos. Sem compromissos quanto às principais reivindicações, as organizações recusaram a exigência e anunciaram que o calendário das próximas ações será divulgado segunda-feira, no Porto.
Interpelado por vários jornalistas se a reunião se realizará ou não, independentemente das greves, o ministro não confirmou. João Costa insistiu que manteve as negociações relativamente ao novo modelo de recrutamento, mesmo com greves a decorrer, para não pôr em causa a vinculação de mais de 10 mil contratados em setembro.
"O nosso desejo é que a serenidade volte às escolas", sublinhou, frisando de seguida: "Não compete ao ministério da Educação convocar ou desconvocar lutas, compete apresentar propostas e resolver problemas".
O ministro foi ainda questionado sobre as "assimetrias" que pretende corrigir quanto ao congelamento e as mudanças na monodocência. Mas João Costa nada esclareceu, defendendo que apresentaria as propostas em primeiro lugar às organizações.
Já interpelado sobre se o compromisso de assegurar um mínimo de 75% de vagas para o 5.º escalão e 58% para o 7.º , admitiu que esse será um dos aspetos a considerar na nova negociação.
Mobilidade Interna para todo o país
Já o secretário-geral da Fenprof sublinhou, no final da reunião, que o ministro não cedeu a nenhuma das "seis linhas vermelhas" contestadas pelas organizações. E também não se comprometeu a colocar a recuperação do tempo em cima da mesa. Por isso, insistiu, a "luta" vai continuar.
A nova greve por distritos pode começar ainda no 2.º período ou no primeiro dia de aulas do 3.º período. A greve às avaliações pode ser no 2.º período ou no final do ano por causa das escolas que funcionam em semestres, explicou.
O ministério apresentou ontem a alteração a uma das medidas mais contestadas. O Governo deixou cair a obrigatoriedade de os professores de quadro só concorrerem a escolas dentro do quadro de zona de pedagógica a que pertencem e a mais três adjacentes, permitindo que concorram ao país inteiro para que se possam aproximar da residência.
No entanto, garantiu Nogueira, o ministério irá criar prioridades na mobilidade interna e em primeiro lugar irão concorrer os docentes de QZP, mais novos e não os de quadros de agrupamento ou de escola, mais velhos. "É uma perversão" que vai continuar a limitar a mobilidade e a criar ultrapassagens, criticou o líder da Fenprof.