Rio: direção do PSD "cá está para resistir" a deliberação do Conselho de Jurisdição
O presidente do PSD considerou, esta quarta-feira, "muito desagradável" a deliberação que o Conselho de Jurisdição Nacional do partido está a fazer sobre as escolhas da direção para algumas autarquias, e disse que "cá está para resistir".
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Interpelado a propósito da reunião do conselho de Jurisdição Nacional do PSD para deliberar sobre queixas apresentadas por várias concelhias de serem ultrapassadas pela direção do partido para a escolha de candidatos, Rui Rio respondeu que "é muito desagradável" assistir "a isto permanentemente".
"Primeiro foi lá o processo disciplinar a mim próprio, depois um processo disciplinar ao líder da bancada [parlamentar, Adão Silva], agora é mais, nem sei bem, uns candidatos que não estão bem", completou o presidente do partido, à margem do lançamento do livro "Portugal -- Liberdade e Esperança", do economista e também social-democrata Joaquim Miranda Sarmento, em Lisboa.
Rio criticou os elementos do PSD que, "de uma forma mais por cima da mesa ou mais por baixo da mesa, mais institucional ou menos institucional", estão a "remar contra" para conseguirem de "qualquer maneira" prejudicar o partido.
"Costumam dizer resiliência, eu gosto mais do termo resistência, e a Direção Nacional cá está para resistir", sustentou o dirigente social-democrata.
Em causa está uma notícia publicada hoje pelo semanário Expresso, que dá conta de que o Conselho de Jurisdição Nacional reuniu-se deliberar sobre várias queixas apresentadas nos últimos meses por concelhias (como, por exemplo, Barcelos, Castelo Branco, Guarda, Lourinhã e Vila Nova de Paiva) que consideram que foram ultrapassadas pelas escolhas da direção de Rui Rio, que terá reivindicado a escolha de alguns candidatos autárquicos.
Contudo, Rio rejeitou a tese de escolher candidatos à revelia dos órgãos locais. "Quem é que escolheu sempre os candidatos a Lisboa, os candidatos ao Porto, ou quando as concelhias e as distritais não se entendem? Enfim...", comentou.
No lançamento da obra de Joaquim Miranda Sarmento, que é também presidente do Conselho Nacional Estratégico do PSD, estiveram também presentes o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e o democrata-cristão e antigo vice-primeiro-ministro do XX Governo Constitucional Paulo Portas.
Intervindo no encerramento da cerimónia, Rui Rio fez uma comparação entre o livro - em que o autor faz uma retrospetiva e apresenta alternativas para combater o que considera ser a estagnação económica de Portugal nos últimos 20 anos - e o programa que o partido apresentou nas últimas eleições legislativas.
O presidente social-democrata acrescentou que o livro também "não andará muito longe daquilo que será" o programa eleitoral que o partido vai apresentar às eleições legislativas de 2023, "independentemente da direção que estiver em funções nessa altura".
Questionado à margem sobre se não tem esperança de estar a liderar o partido nas próximas legislativas, Rio respondeu que apenas quis dizer que, "independentemente de quem for a Direção Nacional, nas próximas" eleições o programa também "não andará muito longe daquilo, porque se andar muito longe daquilo então há uma revolução dentro do PSD".