O Santa Maria é o primeiro hospital a acionar o protocolo com privados para desviar grávidas por limitações nas escalas. Os encaminhamentos "programados e temporários" destinam-se apenas a grávidas de baixo risco, garante, em comunicado este domingo, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN).
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"Por uma questão de previsibilidade para as famílias", lê-se no comunicado do CHULN, o "mecanismo extraordinário de colaboração com instituições privadas", previsto no plano sazonal de Verão, já foi accionado "na sequência da indisponibilidade de prestação de trabalho extraordinária acima das 150 horas anuais assumidas por médicos do Departamento e da demissão de chefes de equipa da Urgência de Obstetrícia e Ginecologia".
Assim, as grávidas de baixo risco referenciadas por Santa Maria podem vir a realizar o parto em hospitais privados, sendo "transportadas pelos meios do CHULN e do INEM".
A maternidade de Santa Maria também vai funcionar com restrição, "nos próximos dias", devido a "constrangimentos" na escala clínica, após dezenas de médicos terem entregado escusa para não trabalharem mais do que as 150 horas extraordinárias previstas na lei. O bloco de partos funcionará "com adaptações no volume de grávidas em trabalho de parto encaminhado por outras instituições", lê-se na nota enviada hoje à Imprensa.
As obras no Santa Maria para a remodelação da maternidade implicam o fecho do serviço e a colaboração com as equipas do hospital São Francisco Xavier a partir de 1 de agosto. Depois da demissão do diretor do departamento, Diogo Ayres de Campos, e da diretora de Obstetrícia, Luísa Pinto, em meados de junho, dezenas de médicos subscreveram uma carta em que pediram a recondução dos chefes de equipa e escusa para não fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias, alertando que alguns já ultrapassaram esse limite, o que poderia causar constrangimentos nas escalas.
As obras na área materno-infantil do CHULN estão orçamentadas em seis milhões de euros e têm um prazo de execução de nove meses. A remodelação prevê a construção de 12 novos quartos de parto, dois blocos de emergência e uma sala de observação, numa área total de mil metros quadrados.