Casos raros de alergia já permitem trocas na inoculação. Todas introduzem a proteína "spike" para estimular imunidade.
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Os especialistas portugueses admitem a possibilidade de as pessoas com menos de 60 anos que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca (Vaxzevria) contra a covid-19 tomarem a segunda dose de outro laboratório. A medida está a ser avaliada em vários países, que aguardam estudos mais robustos.
De acordo com o imunologista Luís Graça, "do ponto de vista técnico, à partida não há grande diferença em termos de segurança ou de eficácia". O perito, que faz parte da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, da Direção-Geral da Saúde, revelou que já é dada uma segunda dose diferente da primeira nos casos, "que acontecem muito raramente", em que a pessoa vacinada fez alergia à inoculação inicial.
Por outro lado, muitos países estão a recomendar que as pessoas que tiveram infeção natural pelo vírus sejam imunizadas só com uma dose, que funcionaria como se fosse a segunda.
Dentro de um mês, prosseguiu o especialista do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, quando as primeiras pessoas inoculadas com a Vaxzevria em Portugal tiverem de receber a segunda dose, já devem ser conhecidos os estudos internacionais que estão a ser realizados, designadamente um do Reino Unido. Tendo sido um dos primeiros países a dar esta vacina, já tem cerca de um milhão de cidadãos com as duas doses, ainda que sem casos de efeitos secundários graves verificados na toma desta última.
Melhor evitar o risco
Questionado sobre se esse facto não seria encorajador para a vacinação com a segunda dose de algumas pessoas mais novas, Luís Graça respondeu que "não se justifica expor pessoas saudáveis a um risco, mesmo que seja muito pequeno".
Quanto às diferenças no fabrico das vacinas, o especialista explicou que "em todas elas o objetivo é introduzir a proteína 'spike' no nosso organismo, que possa estimular a resposta imunitária. A maneira como o fazem é que é diferente". As de RNA mensageiro (Pfizer e Moderna) "introduzem por nanopartículas a informação genética para as nossas células fazerem essa proteína". As da Astrazeneca e da Janssen levam a informação genética dentro de um adenovírus.
França
Pfizer e Moderna deverão ser usadas nas segundas doses da AstraZeneca
A França foi até agora o único país a anunciar que não vai dar a segunda dose da AstraZeneca aos cidadãos com menos de 55 anos que tomaram a primeira. A decisão foi comunicada pelo ministro da Saúde, Olivier Véran. De acordo com a agência EFE, terão sido escolhidas as vacinas da Pfizer e da Moderna para esta substituição, por terem técnicas diferentes de produzir a proteína "spike" - responsável pela entrada do vírus nas células humanas.