Sondagem: Mendes, Ventura e Seguro valem menos do que os seus partidos. Cotrim duplica IL
Análise de Rafael Barbosa e gráficos de Inês Moura Pinto
Numas eleições presidenciais em que a marca partidária dos candidatos é vincada (Gouveia e Melo é independente, mas com apoios de peso no PSD e no PS), verifica-se que o nome dos presidenciáveis vale, quase sempre, menos do que os partidos de que já foram líderes ou, pelo menos, deputados. As exceções são João Cotrim Figueiredo, que dobra o resultado atribuído à Iniciativa Liberal pela sondagem da Pitagórica para o JN, TSF, TVI e CNN, e, em menor medida, Catarina Martins (BE) e António Filipe (PCP).
O antigo líder dos liberais surgia, na sondagem presidencial publicada há dias, com 14,9% das intenções de voto e é um dos cinco candidatos com possibilidade de passar à segunda volta (se tivermos em conta a margem de erro). A mesma amostra de inquiridos, no entanto, dá apenas metade desse valor à IL (7,3%), sendo que ambos, candidato e partido, melhoraram os seus resultados entre novembro e dezembro.
Catarina Martins, que já foi coordenadora do Bloco de Esquerda, vale um pouco mais do que o seu partido. Mas isso não são necessariamente boas notícias: tem apenas 2,7% das intenções de voto para a primeira volta, mas o BE, apesar de uma ligeira recuperação face a dezembro, vale pouco mais do que um ponto percentual (1,3%). No caso de António Filipe, a diferença é irrelevante: são apenas mais quatro décimas (3%) do que a intenção de voto na CDU (2,6%).
Mendes fica longe do que vale a AD
A exemplo do mês passado, o que mais perde relativamente aos partidos que o apoiam é Luís Marques Mendes. Ambos estão em queda, apesar de ambos estarem também na liderança. Mas PSD/CDS foram mais castigados do que o ex-líder social-democrata, o que faz com que a diferença, em desfavor do candidato presidencial seja agora de "apenas" nove pontos (eram 16 em novembro).
Registe-se, no entanto, que está por medir o efeito do duríssimo ataque de Henrique Gouveia e Melo no último frente a frente, há uma semana: "lobista e facilitador" foram as acusações do almirante que dominaram, quer o debate, quer os dias que se seguiram.
O candidato que se segue na lista dos que valem menos que o seu partido é Jorge Pinto. O deputado, um dos últimos a entrar em campanha, até cresceu em novembro (3%), mas o Livre também continua a trajetória ascendente, de forma que a diferença continua a ser de cerca de quatro pontos.
Ventura continua abaixo do Chega
Imediatamente a seguir vem André Ventura, que, estando uns bons degraus acima do liberal de Esquerda, foi vítima de um efeito semelhante: cresceu, e é um dos três grandes favoritos a passar à segunda volta (com Mendes e Seguro), mas o Chega conseguiu subir ainda mais e, dessa forma, o fosso entre o líder e o seu partido alargou-se: Ventura vale agora menos três pontos e meio, o que continua a ser surpreendente, dada a simbiose entre o homem e a sua obra.
Finalmente, António José Seguro, que recebeu um apoio tardio do PS (foi só depois das autárquicas que José Luís Carneiro reuniu as tropas para formalizar o apoio), vale menos três pontos do que o PS. A diferença era de nove pontos em novembro, mas o ex-secretário geral cresceu e entrou verdadeiramente na corrida pela segunda volta, enquanto os socialistas perderam gás.
Ficha Técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI e CNN Portugal com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade nacional e internacional e com as eleições presidenciais de 2026. O trabalho de campo decorreu entre os dias 11 e 19 de dezembro de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores recenseados em Portugal e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 2012 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 49,7%. As 1000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A distribuição de indecisos é feita de forma proporcional. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.

