Os autarcas ouvidos pelo JN contestam a recomendação do Governo e adiantam que a fatura da água reflete "custos reais".
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Autarcas dos municípios afetados pela seca afirmam que não vão aumentar a tarifa da água aos grandes consumidores (acima dos 15 metros cúbicos), uma vez que o preço é suficientemente elevado ou já tem um agravamento. Vários presidentes de câmara acusam também o Executivo de penalizar o interior com a nova recomendação.
"Vila Real e outros municípios abrangidos já pagam o preço mais caro do país à Águas do Norte por metro cúbico e a fatura já é elevada para os consumidores", adianta Rui Santos, autarca de Vila Real ao JN.
O ministro do Ambiente aconselhou na quarta-feira os municípios mais afetados pela seca a agravar a tarifa para os consumidores do terceiro escalão e alargou a recomendação à generalidade dos concelhos.
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O autarca de São João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, revela que existe um "tarifário sazonal [no concelho], ou seja, agravado nos meses entre junho e outubro, para consumos superiores a 16 metros cúbicos". Já o edil de Macedo de Cavaleiros diz que o tarifário em vigor é "um dos mais elevados do país e do distrito".
A Águas do Interior Norte defendeu que as medidas estão já em implementação nos oito municípios acionistas. "A coesão territorial obriga exatamente ao inverso", criticam. Algo semelhante defende o autarca de Vila Real, que diz que o "país tem muito mais população no litoral", criticando os "critérios muito duvidosos" da recomendação.
Pouco impacto
José Manuel Gonçalves, autarca da Régua, diz que a sugestão do Governo é "injusta, impreparada e precipitada". "A nossa tarifa já reflete todos os custos reais". Também o presidente da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, afirmou à Lusa que as medidas sugeridas, apesar de "necessárias", são "redundantes".
João Gonçalves, presidente da câmara de Carrazeda de Ansiães, adianta que a maioria dos consumidores do concelho não atinge o terceiro escalão. "O impacto na poupança de água não será assim tão grande", clarifica, mas admite implementar a medida.
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Outras câmaras municipais dizem estar a ponderar o aumento das tarifas ou a tentar validar o processo de revisão. Orlando Alves, presidente da câmara de Montalegre, refere que "faz todo o sentido criar na opinião pública a ideia de que a água é um recurso finito".
Em Mogadouro, fonte do gabinete do autarca adianta que vão seguir a recomendação. O presidente da câmara de Tabuaço diz estar à espera de "um parecer da entidade reguladora para poder avançar, a partir de setembro". Também o vice-presidente da câmara de Alijó diz que a autarquia está a proceder à revisão do tarifário para outubro. O executivo de Alfândega da Fé ainda não tomou qualquer decisão.