Limitação de mandatos, alterações sucessivas e vitórias escassas abrem perspetivas para muitas mudanças.
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Um terço das câmaras municipais podem mudar de mãos nas autárquicas, que se realizam dentro de um ano: seja porque a limitação de mandatos impede o presidente de se recandidatar; porque mudaram de cor nas duas mais recentes eleições; ou porque a diferença entre primeiro e segundo foi diminuta, em 2017.
O PS parte para o confronto com uma vantagem confortável: mais 61 municípios do que o PSD. Também por isso, os sociais-democratas dizem-se "realistas" e baixam a fasquia: o objetivo não é conquistar a maioria das câmaras, apenas obter mais votos e mandatos. "Somos realistas", justificam, reafirmando que as escolhas só serão feitas após o mês de janeiro.
À Direita, ambição maior parece vir do CDS-PP, com quem o PSD está a negociar a possibilidade de ter mais do que as 58 coligações de 2017. "Estamos a fazer uma aliança de Direita para conseguir ir buscar o maior número possível de câmaras à Esquerda", diz o secretário-geral Francisco Tavares.
Ao todo, são 112 as autarquias contabilizadas pelo JN onde o resultado pode inverter-se (36,4% das 308). Um número que resulta do cruzamento dos 45 autarcas que atingiram o limite de três mandatos, e assim introduzem alguma dose de incerteza; das autarquias que tradicionalmente oscilam de partido, com mudanças sucessivas nas eleições de 2013 e 2017; e das eleições locais em que o partido ou lista vencedora ficou, em 2017, com uma vantagem de apenas um a cinco pontos percentuais sobre o segundo classificado, o que abre maiores perspetivas de uma reviravolta. Por outro lado, se se mantiver a tendência registada na mais recente eleição, em 171 dos 308 municípios os atuais autarcas poderão ter uma reeleição tranquila.
PS não fará coligações
O PS diz ter consciência de que será difícil superar o "excelente resultado" de há três anos. Por isso, o objetivo é "manter todas as câmaras e, se possível, ganhar mais", adianta a coordenadora autárquica, Maria da Luz Rosinha, revelando que não serão feitas coligações.
A CDU adianta que vai procurar reforçar a coligação PCP/PEV, "em votos, mandatos e maiorias". "O que determina a afirmação da CDU é a imagem do trabalho, honestidade e competência", vinca.
No BE, Fabian Figueiredo acredita que será possível "enraizar a implantação do BE no poder local". Os olhos estão postos sobretudo em Torres Novas, Lisboa, Amadora, Almada e Seixal, onde os vereadores bloquistas "foram essenciais".
André Silva diz que o PAN só apresentará listas "onde sentir que tem condições de acrescentar qualidade", ou seja, não avança a todos os concelhos. Ao contrário, o Chega tentará concorrer em todo o país. "A ideia fundamental é irmos sozinhos", antecipa André Ventura. Também a Iniciativa Liberal parte com a garantia de que terá candidaturas próprias em todos os concelhos.
PORMENORES
Maioria dos distritos
Além de ter conquistado a maioria das câmaras municipais, o PS também conquistou, em 2017, a bandeira de ter pintado de cor-de-rosa a maioria dos distritos: 13 em 20 círculos eleitorais. Já o PSD cinco. A CDU um (Setúbal) e, na Madeira, registou-se um empate, com PS, PSD e independentes a conquistarem três câmaras cada um.
17 independentes
Há quatro anos, mais quatro autarquias passaram para as mãos de independentes, totalizando 17. Em 13 dessas 17 câmaras, verificou-se maioria absoluta. E cinco dessas pertenciam a partidos políticos.