Administração Regional de Saúde admite que, na nota enviada aos lares, deu indicações para incluir a direção por engano. Autorização era só para direção técnica.
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A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte admite que vários dirigentes de estruturas residenciais para idosos poderão ter sido vacinados, na sequência de um erro de comunicação com as autoridades de saúde locais.
Ao JN, aquele organismo diz que, na informação enviada aos lares, deu "indicação para incluírem a direção". No entanto, o que se pretendia era autorizar a vacinação da "direção técnica", esta sim contemplada na primeira fase de vacinação contra a covid-19.
De acordo com um e-mail que chegou, por exemplo, às instituições de Braga, através do Agrupamento de Centros de Saúde do Cávado I, pedia-se a identificação de "elementos da direção e colaboradores da instituição" para receber a vacina. Foi o que fez o Centro Social Paroquial de Sobreposta, que incluiu quatro dirigentes que frequentam o equipamento. Isto, porque as instruções das autoridades não especificavam que apenas a direção técnica deveria ser imunizada, a par dos utentes e dos profissionais que cuidam dos idosos.
"O Conselho Diretivo da ARS Norte, ao mesmo tempo que lamenta o sucedido, informa que, logo que teve conhecimento do facto, para além de instruir a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre o sucedido, de imediato alertou todas as autoridades de saúde da região para o cuidado rigoroso que deverão ter na comunicação e pedidos que enviam às instituições", explica a ARS Norte, sublinhando que "os profissionais das estruturas residenciais para pessoas idosas que contactam diariamente com os utentes, onde se poderão incluir as direções técnicas, estão contempladas na primeira fase".
IGAS investiga no centro
O Ministério da Saúde não prestou esclarecimentos sobre os casos de dirigentes vacinados noutras zonas do país. A Direção-Geral de Saúde também não respondeu, quando confrontada com o diálogo entre o ex-coordenador da task force e o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Lino Maia, que lhe propôs que os dirigentes ativos fossem incluídos nas prioridades.
O gabinete do primeiro-ministro nega que tenha dado indicações para a vacinação dos dirigentes dos lares. "O Governo segue a determinação técnica da task force sobre a lista de prioritários", respondeu. Na segunda-feira, a IGAS vai iniciar ações inspetivas em hospitais e centros de saúde da região Centro. O trabalho começará pelos agrupamentos de centros de saúde do Pinhal Litoral e do Baixo Vouga e pelas unidades locais de saúde da Guarda e de Castelo Branco. "Irão avançar inspeções às listagens de lares de idosos na região, a fim de verificar eventuais irregularidades na seleção dos pacientes prioritários", informou fonte do IGAS à Lusa. O JN sabe que, enquanto há dezenas de dirigentes de lares já vacinados, há zonas do país em que a imunização foi recusada às direções técnicas.
É essencial que a vacina chegue a todos
A Conferência Episcopal Portuguesa considerou "essencial que a vacina chegue a todos", a começar pelos mais vulneráveis e pelas pessoas fundamentais para o funcionamento das instituições sociais e de saúde. Relativamente aos ministros e colaboradores da Igreja Católica em Portugal, sejam eclesiásticos ou leigos, afirma que têm acesso à vacinação como qualquer outro cidadão.