Até setembro de 2022, só poderão ser vendidos pratos, cotonetes, palhas e talheres que estejam em stock.
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A partir desta segunda-feira, 1 de novembro, deixa de ser permitida a colocação no mercado de determinados produtos de plástico de utilização única, mas não se admire se ainda encontrar alguns nas prateleiras dos supermercados: a lei, que resulta da diretiva europeia de 2019, permite que as empresas esgotem os stocks até setembro do próximo ano. As alternativas são geralmente mais caras.
Em causa estão cotonetes, talheres, pratos, palhinhas, agitadores de bebidas e varas para balões de plástico de utilização única; bem como copos e recipientes (para alimentos destinados ao consumo imediato ou prontos a consumir) feitos de poliestireno expandido, ou seja, de esferovite. A partir de hoje, não podem ser colocados no mercado, mas, sublinha Gonçalo Lobo Xavier, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), "há um período de adaptação e, os retalhistas que tinham em stock produtos comprados antes da proibição vão poder escoá-los até setembro de 2022".
Alternativas mais caras
Nos últimos anos, acrescenta Gonçalo Lobo Xavier, têm vindo a ser desenvolvidas alternativas, mas, "do ponto de vista do preço, ainda não são suficientemente atrativos".
O Grupo Mosqueteiros - que diz estar "em processo de adaptação e escoamento dos produtos" de plástico descartável e já ter nas prateleiras alternativas, como cotonetes com haste em papel, talheres em madeira ou milho, pratos de papel sem revestimento ou cana-de-açúcar, palhetas em madeira e cuvetes transparentes em plástico R-PET - confirma que os novos produtos são mais caros.
"O custo destes produtos alternativos, ou seja, de materiais reciclados ou recicláveis, comparativamente com os atualmente comercializados (em gama de plástico) é de quase +100%", adianta.
Poupar toneladas
Outras marcas contactadas pelo JN disseram que estão a acabar de escoar stocks e há anos começaram a substituir aqueles produtos. O Continente e Pingo Doce, por exemplo, trocaram os bastões de plástico dos cotonetes por papel logo em 2019, evitando, respetivamente, 20 e 25 toneladas de plástico por ano. Ambos permitem que os clientes levem sacos ou embalagens para alguns balcões, como padaria e charcutaria.
Na Auchan, que já tem "alternativas sustentáveis de marca própria", o conjunto de medidas implementadas, em Portugal, desde final de 2018, "permitiu eliminar, em 2020, aproximadamente 222 toneladas de plástico e substituir 343 toneladas de plástico virgem por incorporação de plástico reciclado". A Mercadona diz que já eliminou os descartáveis de plástico, tendo alternativas fabricadas com "materiais que respeitam o meio ambiente, como o cartão, a madeira, a cana-de-açúcar e o plástico reutilizável".
Metas de redução
A transposição da diretiva europeia 2019/904 relativa ao plástico de utilização única aponta dois objetivos de redução do consumo de copos e recipientes para alimentos: até 31 de dezembro de 2026, uma redução de 80% relativamente a 2022 e, até 31 de dezembro de 2030, uma redução de 90%.
Reutilizar
Para assegurar os objetivos estão previstas medidas, a cumprir a partir de 2024, como a disponibilização nos espaços com takeaway de recipientes reutilizáveis para consumo de alimentos e bebidas, mediante a cobrança de um depósito.
Trocar não chega
"Trocar um descartável por outro" não é solução, alerta Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero. "Em muitas situações poderíamos optar por reutilizáveis", não gastando mais recursos naturais, apelando à redução do consumo.
Onde compostar
O sistema de recolha seletiva de resíduos orgânicos (onde se podem incluir os materiais feitos de cana-de-açúcar, farelo e milho) ainda não está implementado em todo o país (só em 2023), não havendo em muitas zonas onde entregar os compostáveis. Também há alternativas, como o papel com película, que são mais difíceis de reciclar.