A venda de "puzzles" para jovens disparou, com algumas lojas a registar crescimento acima dos 400% e outras a esgotar a capacidade de resposta, depois de muitas pessoas terem escolhido os quebra-cabeças como um dos passatempos preferidos para passarem as horas em casa durante a pandemia.
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Raquel Costa, 17 anos, de Aveiro, é uma das responsáveis pelo fenómeno. "Numa situação normal, nem sequer teria tempo para estar a montar puzzles, por causa da escola, dos testes e do desporto", conta. Mas, face à necessidade de confinamento, foi buscar um antigo que tinha guardado. "Era uma maneira de passar o tempo sem estar agarrada ao telemóvel e nas redes sociais."
No início do mês, quando terminou, o pai correu várias lojas e superfícies comerciais à procura, mas sem sucesso. Encontrou uma loja na Internet com produto esgotado, mas que apontou uma data de reposição. Comprou dois nessa manhã e, à tarde, "já tinham esgotado".
Mariana Neto, 31 anos, educadora, de Vagos, sempre gostou, "mas não tinha tempo". Concluiu, com o marido, uma paisagem parisiense composta por 1500 peças, construiu outro em 3D e já planeia novas compras. Se conseguir encontrar.
Nas lojas Auchan, as vendas de puzzles com mais de 500 peças "estão a crescer 460%", disse a marca ao JN. No grupo Sonae MC, a procura "registou um crescimento significativo, já que praticamente triplicou". O "puzzle 500 peças tem mais procura, seguido do puzzle 1500 peças", acrescenta.
A Educa Borras, líder ibérico do setor, diz que a subida foi "absolutamente incomensurável". "Vendemos nos últimos 20 dias todo o stock de puzzles para jovens/adultos que tínhamos disponível. Estamos a falar à volta 2000 puzzles", refere. Todos os modelos com mais de mil peças, continua a Educa Borras, foram vendidos, independentemente do modelo. "A procura foi mediada pela oferta existente. Se a oferta fosse outra, os clientes tinham acabado por adquirir os modelos disponíveis", sublinha a empresa.
Na loja Pequenos e Graúdos, em Fátima, Carlos Mendes confirma a "procura anormal". "Antes vendíamos dois ou três num dia normal, agora seriam 20 se os tivéssemos, mas as fábricas estão a encerrar e não conseguimos responder à procura". O empresário tem tentado encontrar outros fornecedores que tenham ainda em stock.
Pormenores
Preços - De acordo com dados da Educa, os preços vão desde os 8,5 euros para puzzles de mil peças até 189 euros para os de 18 mil peças.
Diversidade - Além dos tradicionais, existem, ainda, versões que permitem, à semelhança dos legos, fazer construções com peças em três dimensões.