Este será o novo melhor ano de sempre para as agências e os hoteleiros também estão otimistas quanto às receitas.
Corpo do artigo
Os portugueses continuam a manter as férias e as viagens no topo das prioridades, este ano, permitindo às agências de viagens registar crescimentos das vendas a dois dígitos, até 30%, já para o período intermédio da Páscoa. Os hoteleiros nacionais também contam com ocupações melhores ou iguais ao ano passado para este período, o que permite antecipar subidas dos preços médios e evolução favorável das receitas.
"Para os destinos nacionais, há muita procura, mas ainda faltam muitas reservas de última hora", notou Nuno Mateus, vice-presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo. "Não temos dúvidas que os portugueses vão viajar ainda mais do que no ano passado, que foi o melhor de sempre. Posso afirmar com segurança um crescimento a dois dígitos", garantiu. Para Nuno Mateus, apesar de sinais de arrefecimento da economia, "quando o desemprego desce, os portugueses viajam".
Os destinos mais próximos (Cabo Verde, S. Tomé, Disney) vendem mais depressa, mas voltaram as viagens para as Caraíbas e aumentam para a Ásia. "Temos mais ligações aéreas e mais vamos ter em julho, com o início de operação da Qatar Airways e a Emirates no Porto", justificou.
Ainda que a Páscoa seja só o pontapé de saída do ano, as agências e os operadores estão muito otimistas. "Estamos a crescer nas vendas, mas só no final do verão podemos contabilizar um valor", respondeu fonte da Agência Abreu, a líder de mercado em Portugal. Portugal está no topo dos destinos nesta altura, mas há cada vez mais procura pelas viagens culturais.
Na Pinto Lopes Viagens, agência especializada em circuitos por todo o Mundo, o crescimento é de "30% sobre um 2018 que já foi muito bom". Rui Pinto Lopes tem as partidas todas esgotadas para a Páscoa, num total de sete mil lugares, para destinos como Rússia, Irão, Índia, Vietname, Tailândia Croácia e Itália.
Otimistas se vier sol
Segundo dados preliminares do estudo de Páscoa da Associação Hotelaria de Portugal (AHP), a maioria dos hoteleiros portugueses espera taxas de ocupação melhores (41%) ou iguais (41%) às do ano passado, com preços médios melhores (52%) e receitas globais e de alojamento melhores (58%). "A única ameaça é a meteorologia, porque os principais mercados deste período são Portugal e Espanha e, conforme o tempo, tanto reservam à última hora, como desmarcam e ficam em casa", analisou Cristina Siza Vieira, diretora executiva da AHP.
OS DEZ DESTINOS MAIS PROCURADOS
1º Algarve é o maior destino cá dentro
2º Porto e Norte têm cada vez mais procura
3º Açores ainda na agenda das viagens
4º A Madeira já é tradição para muitos
5º Cabo Verde tem partidas esgotadas
6º S. Tomé e Príncipe está a crescer
7º Escapadinha a cidades europeias
8º Turquia volta a figurar no "top mais"
9º Disneyland Paris já é um clássico
10º Cruzeiros no Norte da Europa a subir
DADOS
Negócios da década
Entre 2008 e 2016, ano mais recente sobre o qual o Instituto Nacional de Estatística possui dados, o número de agências de viagens aumentou 32%. O volume de negócios cresceu 84,5 milhões de euros (+4,7%) em 2016 face a 2009 (uma quebra de série não permite comparar 2008).
Verão cá dentro
No ano passado, o melhor de sempre das agências, as viagens dos portugueses para o estrangeiro cresceram 14,9% no 1.º e 18,1% no 2.º trimestre, tendo abrandado no verão (-1,3%), altura em que aceleraram os destinos nacionais. Significativo: as viagens de lazer ao estrangeiro cresceram mais do que as de negócios.
Ano de Portugal
O ano passado foi de crescimento no turismo só graças ao aumento de dormidas de portugueses (5%), uma vez que os mercados externos (-2%) encolheram face a 2017.