O Observatório de Violência Obstétrica em Portugal (OVOpt) diz que no primeiro semestre deste ano registaram-se 119 mortes de bebés até um ano em Portugal, mais 29 face ao mesmo período de 2021. Amanhã, domingo, o OVOpt pretende alertar para o problema da morte infantil, realizando uma vigília silenciosa em frente à Assembleia da República e acendendo uma vela por cada morte.
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Num comunicado enviado às redações, o OVOpt alerta para a urgência de se recolher dados "de forma séria, tratados com idoneidade e disponibilizados para consulta pública", uma vez que diz não ser possível apontar causas com rigor.
Quais são as causas?
"Não sabemos se estão relacionadas com a falta de vigilância na gravidez, de apoio no parto ou pós-parto, doença na gravidez não diagnosticada, negligência ou violência obstétrica", dizem, apontando o caso de induções e cesarianas sem justificação clínica, manobras realizadas durante o parto que podem causar traumatismos ou lesões aos bebés, atos sem consentimento e a desvalorização das queixas das utentes.
O OVOpt diz que o problema tem "estado a ser centrado" em questões como as mulheres estarem mais velhas, mais gordas ou serem estrangeiras, o que entende que retira "o foco do real problema" do crescente número de mortes maternas e infantis.
Recorde-se que o relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a mortalidade materna referente aos anos 2017 e 2018 contabilizou 26 mortes, a maioria (18) em unidades do Serviço Nacional de Saúde, seguindo-se três no domicílio, dois na vida pública, um numa instituição privada e um não detalhado.
O relatório, agora enviado à Assembleia da República, já apontava a necessidade de reforço de meios dos serviços de obstetrícia, o que a DGS diz estar agora a ser feiro. Em 2020, registaram-se 17 mortes maternas.