Arrancou na terça e termina esta quarta-feira mais uma complexa - e inédita - operação em que assentam as presidenciais de domingo: a recolha porta a porta dos 12 906 votos em lares de idosos e em casa de pessoas em confinamento obrigatório.
Corpo do artigo
Com as brigadas a detetarem infrações: houve eleitores que, apesar de se terem inscrito para votar antecipadamente, estavam ausentes de casa, violando o isolamento decretado pelas autoridades de saúde.
A denúncia foi feita pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP): "As pessoas foram informadas de que a votação decorreria nestes dois dias, mas algumas, felizmente poucas, esqueceram-se da obrigação de estar confinadas, o que pode ter consequências que decorrem quer da lei do confinamento obrigatório, quer da lei do processo eleitoral", afirma ao JN o presidente da ANMP. Manuel Machado adianta que essas situações se verificaram em "certos municípios", como Coimbra, ao qual preside, e onde 268 eleitores pediram para votar na sua residência. Mas "alguns, menos de uma dezena", não se encontravam lá.
Não foi o caso de Gaia, onde o JN acompanhou duas das nove brigadas, formadas por funcionários da autarquia e elementos da Polícia Municipal e Sapadores Bombeiros, que estão a recolher os votos dos 200 eleitores, 30% dos quais a residir em lares, que pediram o voto antecipado.
No primeiro dia não se registou qualquer irregularidade. "Todos estavam em casa", garante Hermenegilda Cunha e Silva, diretora de departamento de administração geral da Câmara.
Cada visita demora, em média, entre 10 e 15 minutos. A votação é realizada na soleira da porta, o eleitor tem de se apresentar de máscara, usar caneta própria e desinfetar as mãos antes e após a manipulação do boletim de voto que, à semelhança do passado domingo, é inserido em dois envelopes.
"É simples, tal como foi a inscrição. Esta foi uma das grandes conquistas da democracia. Sempre votei, falhei apenas uma eleição", conta Frederico Rompante, de 43 anos, em isolamento após ter estado em contacto com um infetado. Não sabia que o voto vai ficar em quarentena nas próximas 48 horas na embalagem utilizada para o transporte, já que não pode ser desinfetado. Nem tão-pouco que só vai ser contabilizado no dia da eleição pelos membros da mesa onde deveria votar.
Críticas nos lares
No Lar de Santa Isabel, a urna, chegada na véspera, abriu às 10.20 horas na receção, devidamente preparada para o efeito e para que se cumprissem todas as regras. Tem 120 utentes, 29 manifestaram a intenção de votar, mas só 19 conseguiram.
Trata-se, segundo o presidente da autarquia, de "uma situação incompreensível" que a Comissão Nacional de Eleições "tem de resolver rapidamente": "É preciso que assuma a responsabilidade de evoluir para o mundo tecnológico em que estamos para evitar uma situação como esta, que é de ter pessoas que não podem votar porque a plataforma não os aceitou", contesta Eduardo Vítor Rodrigues.
Tome nota
Votos serão metidos nas urnas
Os votos antecipados serão os primeiros a ser enfiados nas urnas das assembleias de voto, no próximo domingo, pelos membros de mesa em que deveriam votar os respetivos eleitores. Serão contados no final.
Máscaras também na receção
No momento em que recebem e abrem os envelopes com os boletins de voto, os membros da mesa devem estar equipados com máscara, preferencialmente de tipo cirúrgico descartável conjugada com viseira ou óculos para proteção ocular reutilizáveis e luvas de nitrilo ou de látex descartáveis.
Detalhe
Rui Moreira também andou pelo Porto a recolher votos
Rui Moreira também andou pelas ruas do Porto a recolher votos. No município inscreveram-se 304 pessoas, 175 residentes em 18 lares do concelho e 129 eleitores confinados em 98 casas particulares. Estiveram envolvidas 15 equipas de voluntários, todos funcionários municipais, numa operação que poderia ter sido muito mais complexa, porque o universo potencial de votantes poderia ser muito maior. Só nos lares haveria 3500 eleitores.