Associação garante que há russos pró-Kremlin a receber ucranianos "em todo o país"
A Associação dos Ucranianos em Portugal (AUP) garante que há vários casos no país como o dos refugiados de Setúbal, por desconhecimento das autarquias. Pede à Câmara de Setúbal para que acabe com a colaboração de russos pró-Kremlin e que o Governo abra uma investigação.
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"Não é só em Setúbal mas em todo o país", diz prontamente o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal (AUP), Pavlo Sadokha, ao reagir à notícia do "Expresso" de que os refugiados ucranianos estão a ser recebidos por russos pró-Kremlin na linha de apoio da Câmara de Setúbal.
Pavlo lembra que, há um mês, que a sua associação tem vindo a alertar para o facto de muitas organizações, que descreve como pró-russas, estarem a dar apoio ao acolhimento de refugiados ucranianos. Uma situação também apontada, no passado dia 8, pela embaixadora ucraniana em Portugal, Inna Ohnivets.
"Isto acontece em Setúbal e noutros municípios. Fazem parte de uma rede de propaganda russa", garante Pavlo, considerando que esses apoiantes do regime de Vladimir Putin aproveitam-se do facto de as câmaras municipais desconhecerem a realidade e a língua para se apresentarem como voluntários ao acolhimento de refugiados.
Segundo o presidente da AUP, isso aconteceu, por exemplo, na Câmara de Gondomar e de Aveiro, onde o autarca social-democrata Ribau Esteves, cancelou, de imediato, a colaboração, assim que teve conhecimento das suspeitas.
No caso de Gondomar, o autarca Marco Martins garante, porém, que trabalha desde 2005 com a Associação Amizade e não tem nada a apontar. "Os serviços estão a acompanhar todos os agregados. Chegou-nos essa possibilidade há duas semanas. Despistamos tudo e não temos nada a apontar", assegura o presidente da Câmara.
No caso de Aveiro, o presidente da Câmara assegura que o caso em questão aconteceu há 10 anos. Tratava-se de uma associação ligada à Ucrânia mas pró Putin que era apoiada por uma Junta de Freguesia do concelho. Mas quando Ribau Esteves assumiu a presidência da Autarquia isso já não acontecia. "Desde que cheguei à Câmara nunca houve qualquer relação nem sequer informal com essa associação", deixa claro Ribau Esteves.
"Pedimos que o Governo português investigue as ligações destas organizações não só à embaixada russa mas também a Câmaras do PCP", ataca Pavlo Sadokha, acusando os comunistas de "apoiarem completamente a agressão da Rússia sobre a Ucrânia".
Além disso, e perante a denúncia pública, o presidente da AUP espera agora que a Câmara de Setúbal siga o exemplo da autarquia de Aveiro e cancele a colaboração com russos suspeitos de serem apoiantes do Kremlin. "O mais importante é que se acabe com as situações de os refugiados ucranianos serem recebidos por estas pessoas", vinca.