Com todas as freguesias do território nacional apuradas, o PSD obteve 27,9% dos votos, contra 36,65% do PS. Rui Rio foi incisivo na hora de negar a derrota apregoada por terceiros e destacou a conjuntura "difícil" com que o PSD teve de lidar nestas eleições. Não escaparam as habituais críticas à comunicação social.
Corpo do artigo
Depois de saudar votantes, cumprimentar adversários, agradecer a militantes, simpatizantes e estruturas partidárias, e de felicitar António Costa pela vitória, Rui Rio começou o discurso por lembrar o "enquadramento difícil" em que o PSD disputou as eleições, apontado razões externas e internas.
11370400
Do lado de fora: "a conjuntura internacional favorável que contribuiu para o crescimento da Economia sem que o Governo precisasse de fazer muito e que permitiu "um contraponto ao tempo da Troika, apesar de essa comparação não ser justa para o PSD"; "o surgimento de novos partidos à direita do PSD e alguns deles saídos do próprio PSD", que retiraram votos; e "a prolongada publicação de sondagens" que desmotivou o voto nos sociais-democratas. Neste último ponto, criticou alguns órgãos de comunicação social e empresas de sondagens, apontando o dedo ao Expresso e à SIC, cujas projeções disse terem prejudicado o partido.
11378620
Do lado de dentro, mais do mesmo: a "permanente instabilidade dentro do partido com conivência de alguma comunicação social e comentadores com agenda política contra o PSD e a sua liderança".
"Apesar desse enquadramento difícil", contrapôs, o PSD apresentou "um programa detalhado aos portugueses" com propostas em várias áreas do quadro financeiro, económico e social, debatendo-as sem negar debates, sublinhou.
Destacando uma "campanha mais económica e com mais proximidade às pessoas", deixou um recado nitidamente dirigido a António Costa, lembrando, sem dele falar, o incidente com um popular (ex-autarca do CDS) na arruada de Lisboa. "Nunca baixámos o nível, como alguns dos nossos adversários acabaram por fazer (...) Mantivemos sempre sentido de Estado, serenidade, elevação e até boa disposição."
Não é a grande derrota que alguns previam e desejavam
Sobre o resultado alcançado pelo PSD, sublinhou que foi "idêntico ao alcançado em 2015" e "não está nem perto de ser o desastre que se anunciou, ainda esta noite". Considerando "exagerados" os comentários que deram conta de uma tremenda derrota do partido, apontou para o facto de o PS não ter conseguido a maioria absoluta.
"Não houve grande derrota. Grande derrota era o que estavam a profetizar. (...) Não é a grande derrota que alguns previam e desejavam", atestou, assumindo a responsabilidade por tudo: "O primeiro responsável sou eu, para o bem e para o mal".
Quanto a possíveis acordos com o PS, não trancou portas e esteve em linha com o que já tinha dito. "Ainda não está fechada a composição da AR e nem sabemos o que o PS quer fazer. Em função disso, vamos analisar a envolvente política, em conjunto com o nosso programa e os órgãos do partido, e tomaremos uma posição consonante com o que eu sempre disse."
Críticas à comunicação social
Para juntar às críticas sobre as projeções publicadas por alguns órgãos de comunicação durante a campanha eleitoral, Rui Rio comentou ainda que falta à Imprensa a "ponderação" necessária na política. "Antes tinham pressa para o jornal de amanhã, depois para o telejornal e agora para o online. Em política não é assim, é preciso ponderação, serenidade, ouvir as pessoas, porque é assim que a maturidade recomenda fazer".