Jorge Barreto Xavier, ex-secretário de Estado da Cultura, do anterior Governo, considerou "lamentável" e "triste" a posição primeiro-ministro quanto à notícia da realização do jantar de encerramento da Web Summit no Panteão Nacional.
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O ex-governante da Cultura disse ao "Expresso" que o regulamento, por si assinado, permite a utilização de monumentos nacionais para eventos sociais mas "não autoriza nem deixa de autorizar a cedência de um determinado espaço". Por isso, continua, dizer que o despacho em causa "legaliza a cedência dos espaços" é "falso" e "absurdo".
Quer isto dizer que a utilização do Panteão Nacional, e de outros monumentos, estará sempre dependente de autorização para tal. O despacho estabelece, aliás, segundo Barreto Xavier, que as autorizações "devem salvaguardar a dignidade de cada espaço" e que devem ser negadas se tal não acontecer.
O ex-secretário de Estado, do governo PSD/CDS-PP, considera "lamentável e triste a posição de António Costa" acerca do assunto. Este sábado, o primeiro-ministro descreveu a utilização do Panteão Nacional para eventos festivos como "absolutamente indigna" e, à semelhança do atual ministro da Cultura, garantiu alterar a lei "para que situações semelhantes não voltem a repetir-se".
"Já cansa que o atual governo tente sempre fugir à responsabilidade, procurando encontrar culpados para as más decisões que toma", reagiu Barreto Xavier, salientando que a decisão de ceder o Panteão Nacional ao jantar da "Founders Summit" "é de 2017 e não de 2014".
O primeiro-ministro "deu a cara pela Web Summit, deve também dar a cara pela decisão de ceder o Panteão para o jantar", acrescentou.
Quanto à cedência do Panteão Nacional para o jantar de sexta-feira, onde estiveram presentes apenas algumas dezenas de pessoas escolhidas pela organização, Jorge Barreto Xavier considera que foi "desadequada" e que o evento deveria ter sido "recusado".
É "uma questão de avaliação e de bom senso", rematou.
O jantar da "Founders Summit" decorreu na sexta-feira à noite, no espaço central do Panteão, junto aos túmulos de personalidades como Amália, Eusébio, Almeida Garrett e Sophia de Mello Breyner Andresen.