Estar numa aula com um caso positivo é razão para isolar todo o grupo, independentemente da máscara e vacina. Marcelo pede "discurso claro".
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As aulas nos colégios privados arrancaram há menos de quinze dias e já há turmas inteiras em casa, para consternação de muitos pais. Estar numa sala de aula, mais de 15 minutos, com um caso positivo de covid-19 continua a ser motivo para isolamento profilático, independentemente do uso de máscara ou do estado vacinal. Peritos e governantes reúnem hoje no Infarmed, em Lisboa, e Marcelo Rebelo de Sousa já pediu um "discurso claro" para que as pessoas saibam como vai ser o início do ano letivo, sobretudo se aparecerem "infetados".
Os casos serão esporádicos (o JN questionou e não teve resposta da Direção-Geral de Saúde), mas, com o início do ano letivo nas escolas públicas, é expectável que aumentem as situações em que turmas inteiras serão colocadas preventivamente em casa. Uma situação que está a suceder na Europa, onde as aulas começaram mais cedo. Em França, o número de turmas isoladas sextuplicou esta semana. Já são mais de três mil.
O JN teve conhecimento de uma escola privada no Porto em que uma turma do primeiro ano foi enviada para casa, na segunda-feira, após um dos alunos ter testado positivo. Tiveram pouco mais de uma semana de aulas presenciais neste início de ciclo. O diretor-executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) admite ter sido contactado por duas associadas que relataram casos de covid no Pré-Escolar, com consequente isolamento do grupo. Rodrigo Queiroz e Melo entende que ainda é cedo para perceber se estará a haver excesso de zelo por parte das autoridades de saúde e reconhece que o equilíbrio vai ser difícil. Até porque, "não vale a pena disfarçar, a preocupação dos alunos já não é a mesma de há um ano e, portanto, os comportamentos são diferentes", refere.
O referencial para as escolas 2021-2022, publicado pela Direção-Geral da Saúde, pouco difere do anterior no que respeita ao isolamento dos contactos. Todos os contactos de alto risco são sujeitos a medidas de isolamento profilático (14 dias) e testagem, com exceção dos recuperados de covid-19 há menos de três meses. Quanto aos contactos de baixo risco ou contactos de contactos, a indicação é para, após teste negativo, interromperem o isolamento e retomarem as aulas.
Fim das restrições
Confiante num ano letivo "sem sobressaltos", António Costa deverá ouvir, esta tarde no Infarmed, os peritos que têm aconselhado o Governo no combate à covid a defenderem o fim de todas as medidas obrigatórias - desde máscaras, a certificados digitais, lotações de espaços e higienização das mãos - no final do mês.
Recorde-se que, em junho, o primeiro-ministro apontou a "libertação total" da sociedade para o momento em que 85% da população estivesse vacinada. Número que deverá ser atingido na última semana deste mês. Segundo o Expresso, aos peritos restam dúvidas sobre se o fim das restrições deverá acontecer também nas escolas e nos transportes públicos.
Infarmed deteta 41 casos de falência de vacina Janssen
O Infarmed detetou 41 casos de "suspeita de falência vacinal" em pessoas que receberam a vacina da Janssen, 36 dos quais graves. Já foram administradas mais de um milhão de doses, correspondendo a uma incidência de quatro casos por 100 mil vacinados. "Foram notificados [até anteontem] 41 casos de suspeita de falência vacinal com a Janssen, dos quais 36 foram classificados como graves". Desses, "cinco motivaram hospitalização e 31 foram considerados clinicamente relevantes", tratando-se de pessoas que testaram positivo à covid mais de 14 dias após tomar a vacina.