As duas viagens ao Entroncamento feitas por Rui Andrade no final de 2017 já estavam esquecidas na mente do jovem de 30 anos, mas não para o Fisco. Recentemente, Rui Andrade recebeu uma notificação das Finanças para pagar 252 euros de um processo executivo relacionado com as duas passagens nos pórticos eletrónicos da A23. Foi o primeiro de muitos avisos de pagamento. "Estou a ser assaltado: de um euro e vinte tenho a pagar 252 euros", lamenta, ao JN.
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A multa do jovem das Caldas da Rainha remonta ao final de 2017. Naquela altura terá passado duas vezes nos pórticos do Entroncamento e ficou com uma dívida de 1,20 euros (0,60 euros por passagem): "Lembro-me muito vagamente de ter feito as viagens, mas não me lembro de ter visto qualquer portagem. É uma estrada do Interior, sem iluminação e era de noite. Se passei não me apercebi".
A carta que recebeu recentemente das Finanças foi a primeira de muitas referentes ao pagamento daquelas portagens. Já está a braços com um processo executivo, quando devia ter sido notificado pela concessionária logo que foi detetada a falta de pagamento. Agora, as Finanças exigem-lhe 151,50 euros da taxa de portagem, coimas e custos administrativos, mais 100,50 euros de juros que continuam a somar. "Ver isto quando tive sempre tudo regularizado e nunca devi nada a ninguém é muito triste. Uma pessoa fica assustada e assoberbada porque é devedor ao Fisco", diz.
Acresce que a multa referente à passagem feita por Rui Andrade pode já estar prescrita, uma vez que já passaram cinco anos desde a viagem. Porém, tem de ser o utente a contestar e a alegar a prescrição.
Portagem contestada
A A23 onde Rui Andrade passou é, curiosamente, uma das ex-scut mais contestadas pela Plataforma P"la Reposição das Scuts na A23 e A25. Este movimento defende a isenção total de portagens nas ex-scut da Beira Interior e agendou um protesto para 25 de fevereiro em Lisboa. "O Governo anunciou o aumento do preço das portagens para 2023 e não referiu qualquer medida sobre a eliminação ou suspensão do pagamento das portagens na Beira Interior", justificam.