Este ano reformaram-se cerca de dois mil, o número mais elevado desde 2013. Até 2030, podem sair quase 60%.
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De acordo com as listas mensais da Caixa Geral de Aposentações, em dezembro mais 172 professores reúnem os requisitos para se reformarem. Desde 1 de janeiro são 1944, e as previsões de 2021 - que incluem os que atingem os critérios em dezembro e só integram a lista de janeiro -, apontam para 2067 saídas - é o número mais elevado desde 2013. "E vai continuar a aumentar", garantem os dirigentes das duas federações sindicais, que salientam que são os alunos que pagam a fatura da falta de medidas do Governo para combater o envelhecimento da classe.
"A estimativa da Direção Geral de Estatísticas da Educação é de que até 2030 se possam aposentar quase 52 mil professores, cerca de 57,8% dos que estão a dar aulas este ano. Até 2024, a previsão é de 17 830", recorda Mário Nogueira. Até ao final da década, insiste o líder da FENPROF, podem aposentar-se "96% dos docentes de Educação Tecnológica, 80% dos de Português/História do 2.º Ciclo e 73% dos Educadores de Infância, e os números só não são piores graças aos profissionais do privado que se mudam para o público".
Alunos sem aulas
O Ministério da Educação, critica Nogueira, "devia ter permitido às escolas completarem horários de 12 ou 15 horas para atraírem candidatos. Em vez disso, as horas foram distribuídas pelos docentes como extraordinárias". Esta semana, a FENPROF pode anunciar nova greve às horas extraordinárias, admite Nogueira.
"É uma medida para minimizar o número de alunos sem aulas a algumas disciplinas. No ano passado, houve casos de alunos sem aulas, por exemplo, de Inglês no 1.º Ciclo, o ano inteiro. Este ano podem ser mais e a outras disciplinas", sublinha João Dias da Silva, líder da FNE. Os dois defendem medidas que contribuam para a valorização da carreira e para a fixação de docentes, especialmente nas zonas com maior carência, como Lisboa e Setúbal.
As aposentações crescentes e a falta de candidatos no Ensino Superior estão a agravar a falta de professores, sobretudo em determinados grupos e regiões. Sexta-feira estavam por preencher, em contratação de escola, 470 horários (a maioria incompletos e temporários). Há um ano, segundo a FENPROF, eram 234 horários.
À Margem
Física e Português
Dos 470 horários por preencher no dia 5, em contratação de escola, quase metade (230) são em Lisboa, 72 são de Física e Química, 65 de Português, 47 de Inglês e 36 de Informática.
Projetos na AR
São discutidos, esta terça-feira, na Comissão de Educação seis projetos de lei do PCP que propõem medidas de combate à carência de professores (como subsídios de alojamento e deslocação) ou a vinculação dos docentes com mais de cinco anos de serviço até 2023.