A febre dos concertos chegou em força. Sentimos hoje a triplicar a liberdade que a pandemia nos tirou nos últimos dois anos e não há quem faça por menos para voltar a viver emoções em pleno. Mas, ao alimentarem comportamentos excessivos, as estratégias de marketing promovem, por outro lado, todo um mercado negro à espera de lucrar com a fome de divertimento.
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Já todos percebemos que há muito que as quatro datas para os concertos dos Coldplay em Portugal, e que marcam o regresso da banda britânica ao país, estavam definidas. Mas a notícia oficial só foi dada aos fãs num momento puro de desespero. Perante a possibilidade de ficar de fora do estádio que a banda britânica reservou em Coimbra, houve quem desembolsasse muito mais do que 150 euros para garantir um lugar, fosse ele onde fosse.
Ora, perante tal desmedida sede, não demorou muito até que o mercado negro se enchesse de, entre quem teve a sorte de conseguir um bilhete (e sabe-se lá se, em alguns casos, não era esse o plano desde o início), o colocasse de imediato à venda por valores muito acima dos oficiais. Entra, por isso, de imediato em cena, a ASAE, que promete, em jeito de salvação, denunciar ao Ministério Público situações como a que se encontra no Viagogo, por exemplo. Naquela página, especializada em bilhetes para eventos culturais e desportivos, as entradas cujo preço oficial era de 65 euros, estavam a ser vendidas acima dos 400 euros. Cá entre nós, esperemos que não chegue aos ouvidos de quem já tem bilhetes para os restantes dias da Agrival, em Penafiel, que também esgotaram na quarta-feira.
O cenário, inesperado por todos, dada a inflação, tem conquistado a internet que, numa tentativa de ridicularizar o caso de forma humorística, tem partilhado frases como: "Tenho bilhete para ver os Coldplay. Troco por T3". Resta saber se teremos uma segunda ronda de deliciosas reações como esta quando abrir a venda de bilhetes para ver um concerto do Harry Styles, a 2 de setembro.
Mas quem quer aproveitar o tempo e os últimos dias de agosto para ir à praia não tem sofrido menos. Principalmente no que toca às praias de Matosinhos. Correm o risco de acordar na manhã seguinte e a praia estar (outra vez) interdita a banhos. Perante o cenário, o PSD diz que "algo anormal ocorreu". A população aguarda explicações.
Pedem-se, igualmente, explicações para o que aconteceu ao bebé de quatro meses internado, desde o início do mês, em estado "muito grave e com prognóstico reservado" no Hospital de S. João, no Porto.