Um treinador com princípios, um mar de oportunidades e o regresso da Famel
Hesitei sobre o arranque desta newsletter, porque, nesta quinta-feira, o JN comemora o seu 134.º aniversário e oferece no seu site um conjunto alargado de matérias sobre um tema que foi e pode continuar a ser determinante para o País: o mar. Mas, porque vivemos num tempo em que a erosão dos princípios me parece mais grave ainda do que a da costa portuguesa, resisto àquela opção óbvia e caseira e recomendo, desde já, a notícia da secção "Desporto" cuja palavra-chave é: "Insólito".
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Insólito porque o treinador inglês Alan Pardew demitiu-se do CSKA Sófia "devido aos insultos racistas direcionados aos jogadores negros da sua equipa e, também, ao seu adjunto Alex Dyer, o primeiro negro a desempenhar um papel de treinador neste clube búlgaro. "Não quero treinar um clube com adeptos racistas", justificou o ilustre desconhecido, a merecer a atenção dos outros treinadores e dos senhores e senhoras que oferecem comendas por esse mundo fora.
Agora, sim, os 134 anos do JN, que comemorámos com um debate no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, de que damos conta no site do jornal, e com um conjunto variado de matérias sobre o mar, que abordam as suas potencialidades para o desenvolvimento sustentável do País, como as ameaças de que ele é alvo ou que pode representar, por via, por exemplo, do aquecimento global. Aqui, chamo a atenção, sem prejuízo de outros, para o trabalho que pergunta "Como está a mudar o mar?", onde o investigador Carlos Antunes defende que "é preciso questionar os políticos, que têm ciclos governativos de quatro anos, sobre o que estão a pensar fazer para o futuro".
À saída do debate do JN, o político Marcelo Rebelo de Sousa expressou um desejo para o futuro próximo: que os juízes do Tribunal Constitucional cheguem a "consenso" sobre quem há de ser o seu próximo vice-presidente. No início da semana, a proposta do juiz Almeida Costa foi sujeita a votos e não reuniu o mínimo de sete (em treze), mas o presidente da República, um homem de fé, sonha com o "consenso".
Ainda no palco da Justiça, recomenda-se a leitura do mais recente episódio do dossiê Rendeiro. A viúva do antigo fundador do BPP tem dúvidas sobre a causa da morte do marido, que os serviços prisionais da África do Sul atribuíram a suicídio, e quer que tudo seja esclarecido numa segunda autópsia, a realizar pelo nosso Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses. A fatura não será paga pelos contribuintes portugueses, mas por amigos da viúva, que, tanto quanto se diz, está a passar por dificuldades financeiras.
No dia em que também damos conta de que a Rússia já controla um quinto do território ucraniano e de que se registaram mais 26 848 casos de infeção pelo SARS-CoV-2 e 47 mortes devidas à doença - o maior número de óbitos em mais de 100 dias -, terminamos com "um regresso há muito esperado": a Famel, mítica motorizada de fabrico português, vai renascer em versão elétrica. O modelo já foi apresentado na Expomoto e poderá ser visto (ou montado), numa estrada perto de si, a partir de 2023.