Tem quatro netos, pratica ioga e organiza sempre a agenda para conseguir estar com a família. Especialista em Direito do Trabalho, volta a estar envolta numa polémica sonora e interminável.
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Agosto é, tradicionalmente, mês de tranquilidade política. Silly season, chamam-lhe. Bastou uma entrevista da ministra Maria do Rosário Palma Ramalho ao "Jornal de Notícias" e à TSF para provar que não é bem assim. "Temos conhecimento de crianças que parece que continuam a ser amamentadas para dar à [mãe] trabalhadora um horário reduzido [duas horas por dia é o que o empregador paga], até andarem na escola primária. O exercício adequado de um direito não deve confundir-se com o exercício abusivo desse mesmo direito", disse a governante. "As mães portuguesas são grandes mães, mesmo assim...", continuou.
As palavras da titular da pasta do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social geraram polémica, fizeram chover críticas de toda a Oposição, alimentaram as redes sociais e transformaram-na, de repente, na ministra mais falada do XXV Governo Constitucional. Não ficou por aí. Na mesma entrevista, foi taxativa ao afirmar que "não temos de presumir que todas as pessoas querem ter um contrato de trabalho sem termo para serem melhor protegidas" e que o "preconceito contra a flexibilização [laboral] em Portugal é aquilo que tem conduzido a salários baixos". "Temos de olhar para a frente", defendeu.
Não foi a primeira vez que palavras públicas de Maria do Rosário Palma Ramalho suscitaram brado. Em abril do ano passado, pouco depois de tomar posse como ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, chamou a atenção quando exonerou a então provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, antes do final de mandato devido a "atuação gravemente negligente", acusando-a de ter encontrado na instituição "um cancro financeiro que tratou com paracetamol".
Independente mas sempre próxima do PSD, a ida para o Governo causou espanto. Recebeu o convite através do próprio Luís Montenegro, que lhe pediu rapidez na decisão e discrição máxima. Falou apenas com o marido, o gestor António Ramalho, que entre 2016 e 2022 liderou o Novo Banco, sucessor do falido BES, e com as duas filhas, a mais velha, a advogada Inês Palma Ramalho, é vice-presidente dos sociais-democratas, e Leonor, arquiteta de profissão. E, também, com a mãe, docente universitária na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (o pai, gestor de empresas, faleceu em 2020). Aceitou sem pestanejar.
"Fiquei a saber da novidade pela imprensa", conta à "Notícias Magazine" a escritora Margarida Rebelo Pinto, irmã de Maria do Rosário Ramalho. "Foi uma surpresa enorme para quase todos, não deu a entender nada", recorda.
Desde então que tenta manter rotinas e não deixa que os afazeres governamentais lhe roubem o tempo que sempre gostou de dedicar aos mais próximos. "Organiza-se sempre para estar com a família. Aliás, fez questão de continuar a tradição de juntar todos à mesa de Natal em casa dela", revela a irmã. O que também não pode faltar são as horas passadas com os dois netos e as duas netas, o mais velho com cinco anos, a mais nova com apenas meses. "São a sua grande alegria. Adora brincar com eles, adormecê-los, estar com eles no acordar", diz Margarida Rebelo Pinto. "Tem um lado humano muito profundo, embora nem sempre seja exuberante ao manifestá-lo. Procura consensos, fazer pontes entre posições desavindas."
Para aliviar a pressão diária, Maria do Rosário Palma Ramalho pratica regularmente ioga. Longe vão os tempos em que aprendeu viola clássica, passatempo maior numa adolescência preenchida de muito estudo com vista a concretizar o sonho de entrar para a Faculdade de Direito. "Era muito metódica. Ficava tardes a estudar na escrivaninha do quarto que partilhávamos e não se desconcentrava", recorda Margarida Rebelo Pinto. "Tinha uns cadernos de fazer inveja, escritos com uma letra toda certinha", detalha.
Licenciou-se pela Universidade Católica e fez o mestrado, o doutoramento e a agregação na Faculdade de Direito da Universidade Lisboa, onde rapidamente se tornou um dos proeminentes professores especialistas na área do Trabalho. "Mas sempre foi e é uma mulher de família. Um esteio", resume Margarida Rebelo Pinto.
Maria do Rosário Palma Ramalho
Cargo Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
Nascimento 18/09/1960 (64 anos)
Nacionalidade Portuguesa (Lisboa)