O Consultório de Sexualidade, por Mafalda Cruz, radioncologista e sexóloga.
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"Tenho sentido alguma dificuldade em controlar a ejaculação. Como saber se tenho ejaculação precoce?"
Tiago Rodrigues
A ejaculação precoce é uma das queixas mais comuns nas consultas de medicina sexual. E, apesar de ser muito comum, continua pouco falada.
É importante saber que existem diferentes tipos de ejaculação precoce, e que nem tudo se resume ao tempo. A definição mais usada para quantificar o tempo até à ejaculação é o Intravaginal Ejaculation Latency Time (IELT). Por uma questão de curiosidade (embora seja perigoso termos estes valores como referência), o IELT varia entre três a seis minutos. E, historicamente, considera-se que existe ejaculação precoce quando o IELT é inferior a um minuto. No entanto, este critério aplica-se sobretudo à chamada ejaculação precoce primária: aquela que está presente desde as primeiras experiências sexuais. Existe também a ejaculação precoce adquirida, que surge mais tarde, após um período em que o controlo é satisfatório, e que se caracteriza por uma redução clara do tempo ejaculatório para menos de três minutos, associada a frustração e falta de controlo.
Por fim, existe ainda uma forma subjetiva, em que o homem sente que ejacula demasiado rápido, apesar de ter um tempo considerado dentro do normal. Nestes casos, é a perceção de falta de controlo e a insatisfação que definem o problema.
Ou seja, não se trata apenas de contar minutos com um cronómetro. O mais importante é perceber se há perda de controlo, impacto negativo na vida sexual ou afetiva, e sofrimento associado. Outro critério importante é que estas dificuldades deverão estar presentes há vários meses. O que significa que, caso ocorra uma ou outra vez isoladamente, não poderá ser feito um diagnóstico.
As causas variam: ansiedade, condicionamento desde a adolescência, alterações hormonais, inflamação prostática, entre outras.
A boa notícia é que existe tratamento, e com bons resultados. A abordagem pode incluir psicoterapia, medidas comportamentais ou medicação específica.
O mais importante? Procurar ajuda. Porque não se trata de "aguentar mais", mas de viver a sexualidade com confiança e prazer.
*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de direito, jardinagem, saúde, finanças pessoais, sustentabilidade e sexualidade. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email magazine@noticiasmagazine.pt