A evolução tecnológica chega a todo o lado. À saúde também. As possibilidades e habilidades são novas e imensas, só que há perguntas a pairar. Complementos ou substitutos? O que são virtudes e o que são perigos?
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A inteligência artificial (IA) veio para ficar e interferir em várias dimensões do quotidiano e da vida. Na doença e na saúde. Como ferramenta de apoio terapêutico, como recurso inovador, com aplicações que funcionam como uma primeira escuta disponível 24 horas por dia, na análise de padrões de comportamento, em simulações de conversas que organizam pensamentos sobretudo na área da saúde mental, na realidade aumentada, na criação de ambientes imersivos, na deteção de sinais e sintomas, na possibilidade de rastrear precocemente o cancro do pulmão. Mas há questões que não se dissipam. Para onde nos conduz tudo isso? Que vantagens e que desvantagens?
Luísa Leal, psicóloga e neuropsicóloga, admite o carácter inovador da IA, mas coloca reticências ao seu uso no plano da saúde, em contextos específicos, na área em que se move. No seu consultório, numa clínica em Guimarães, fala-se cada vez mais do uso do ChatGPT por quem tem dúvidas e anda sempre à procura de respostas, sobretudo em casos de perturbações e dependências comportamentais. "A IA analisa grandes quantidades de dados de diferentes fontes, como as mensagens de texto e voz, para tentar detetar padrões linguísticos, emocionais e até comportamentais, mas assumir que a IA vai interpretar o conteúdo emocional de uma conversa é muito arriscado", refere. Arriscado e difícil, por várias razões. Na sua perspetiva, a IA deve ser usada "com a máxima precaução e sempre como complemento, nunca como um substituto, da terapia real".