A necessidade de um novo paradigma no trabalho
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Em Portugal, ainda predomina a cultura de overworked, onde o fator relevante é o número de horas de trabalho ao invés da qualidade do mesmo. Desta forma, surge uma pergunta: deverá o futuro do trabalho pautar-se por esta cultura ou será mais adequado um novo paradigma?. A meu ver, a resposta passa pela adoção de uma nova cultura sustentada no conceito de work-life balance, ou seja, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
A falta de estabilidade entre as duas dimensões pode ter inúmeras consequências para os indivíduos tanto a nível mental como físico. O aumento do stress, ansiedade e cansaço conduzem a uma decrescente produtividade e criatividade. Acredito que a implementação de políticas de work-life balance como horários flexíveis, a semana de quatro dias de trabalho e programas de bem-estar pode impulsionar a motivação, a realização e a produtividade dos colaboradores. Permite ainda estimular a inovação e a criatividade, visto que trabalhadores mais descansados têm maior capacidade de gerar ideias originais.
Exemplificando, temos algumas empresas que adotam políticas de flexibilidade e programas para melhorar a qualidade de vida e que apresentam resultados.
Outro exemplo - o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho em Portugal - mostra que as primeiras impressões foram positivas. Além disso, organizações que investem no bem-estar dos funcionários registam, naturalmente, uma menor rotatividade do pessoal. Um estudo conduzido pela American Psychological Association, em 2022, destaca que empresas que oferecem apoio psicológico aos seus colaboradores observam que estes permanecem durante mais tempo na organização. Por um lado, ao reterem talentos, reduzem os custos associados à contratação de novos trabalhadores; por outro, quando contratarem, estão mais próximas de atrair e adquirir apenas talentos de alta qualidade, melhorando a reputação da empresa no mercado.
Concluindo, do meu ponto de vista, a resposta à questão supramencionada gira em torno de um novo paradigma mais humano e sustentável, aportando vantagens tanto para os colaboradores como para os empregadores. Por isso, as esferas profissional e pessoal são ambas fundamentais e devem ser geridas de forma eficaz para que nos sintamos plenamente realizados. Afinal de contas, no fim, talvez não nos recordaremos daquela reunião importante, mas sim dos momentos valiosos que partilhámos - ou que acabámos por perder devido a essa reunião - com família e amigos!