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Abre-se um novo ciclo na seleção, é um dado adquirido, mas a vitória (que nem sequer foi uma verdadeira goleada como se esperava) e exibição frente ao Liechtenstein não permite tirar quaisquer conclusões. Cristiano Ronaldo, e bem, jogou, bisou, esteve envolvido na dinâmica da equipa, OK, tudo certo, mas como será daqui para frente em testes de maior exigência? CR7 continua a ter um papel importante na seleção nacional, mas estranhei não ouvir uma palavra do capitão sobre o antigo selecionador. Com todos os defeitos e virtudes, Fernando Santos foi o técnico que conduziu Portugal e Ronaldo ao inédito título europeu, em 2016, e à conquista da Liga das Nações. Nem uma palavra sobre Fernando Santos é, no mínimo, uma amostra de ingratidão, que não fica bem ao capitão das quinas. Esperava mais, depois de já ter passado três meses do Mundial do Catar. O exemplo foi dado por João Cancelo, que lembrou Fernando Santos e o trajeto que fez na seleção. Antes da partida, Ronaldo falou em "ar fresco e mentalidade diferente", mas creio que ainda é muito cedo para perceber o que Roberto Martínez vai trazer à seleção e como vai lidar com os egos.
Lamentavelmente, o que ainda assisti no jogo da seleção foi um ar sujo e mentalidade tacanha relativamente a uma fatia do público português, que assobiou João Mário cada vez que o médio tocava na bola. Um ato inenarrável, algo que julgava já não ser possível acontecer no nosso futebol, mas que aconteceu. João Mário foi um dos heróis do Euro 2016, jogou no Sporting, saiu e agora joga no Benfica. Independentemente das novelas, truques e tricas, onde está o problema? E quer a Liga cativar famílias a ir aos estádios... Sem berço ou cultura desportiva, não vale a pena. Mas também fica aqui a dica, se querem realmente famílias nos estádios, para além das questões de segurança, comecem por baixar o preço dos bilhetes. Era capaz de dar (algum) resultado.
*Editor-adjunto

