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Tenho quatro filhos e não tenciono ter mais - aliás, com os que tenho, poderia candidatar-me a ter um busto numa qualquer agência da Segurança Social. No entanto, se por uma circunstância louca tal pudesse voltar a acontecer, falaria com a mãe para a sensibilizar a não ter o bebé na Alfredo da Costa, no São João ou na Maternidade Júlio Dinis; pela minha parte, preferia que o parto fosse feito por mãos experientes, num carro de bombeiros a caminho da Moita, do Vale da Amoreira, da Baixa da Banheira ou de Alhos Vedros. Faríamos as coisas para que lhe rebentassem as águas numa dessas interseções de subúrbio - só assim asseguraríamos que fosse o comandante dos Bombeiros da Moita a receber a chamada de emergência. Pedro Ferreira é o homem, o líder de uma corporação que, só este ano, auxiliou 14 mulheres a ser mães. Ajudaram a fazer força, cortaram cordões, arranjaram baldes para que a placenta caísse sem estrondo, lavaram o bebé, tiraram selfies e ajudaram às lágrimas e aos brindes. Pedro chegou à Moita há quase três anos e não se cansa de dizer que não há grupo como o seu, que a generosidade de todos o comove. Quer seja a apagar fogos, a tirar gatinhos da árvore, a levar doentes a tratamentos ou a acudir a ciclones com nomes de atrizes de Hollywood... ou a tirar bebés das barrigas de mães desesperadas. Não uma ou duas vezes, mas 14! Lamento, mas não tenho dúvidas. Se um quinto filho for chamado à vida, telefonarei ao comandante da Moita, na convicção de que ele, mais do que ninguém, saberá tomar conta da ocorrência.