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Poucos dias depois de o Anuário do Futebol Profissional da época desportiva 2023-24 ter dado a conhecer o impacto do setor na economia nacional – representa 0,25% do Produto Interno Bruto –, foi divulgada a informação relativa ao terceiro controlo salarial da temporada em curso, procedimento superado pela totalidade das 34 sociedades desportivas (duas com equipas B) que disputam as competições profissionais. O esforço desta indústria merece ser destacado, em várias vertentes, a começar pelo crescente rigor em matéria de autorregulação. Época após época, a malha do controlo salarial tem vindo a apertar, em nome da integridade das competições, da verdade desportiva, da credibilidade desta atividade económica e da estabilidade daqueles que emprega, que são cada vez mais. De acordo com o retrato traçado nesta 8.ª edição do Anuário do Futebol Profissional, da responsabilidade da EY, estão em causa 4436 postos de trabalho (eram 3504, em 2022-23) e €268 milhões em impostos (mais 18%) entregues ao Estado.
Esta maturidade em matéria de autorregulação fortalece o futebol profissional e, com ele, a economia nacional: outro número elucidativo é o da receita, que, pela primeira vez, superou os mil milhões de euros. A evidência das boas práticas e dos números resulta num tributo à resiliência das sociedades desportivas, que continuam a operar num contexto difícil e de clara injustiça. São disso exemplo a distribuição das receitas geradas pelas apostas desportivas – que têm no futebol o principal motor –, que urge ser revista pelo legislador, a carga fiscal, com uma incompreensível discriminação em sede de IVA, por exemplo, em comparação com as demais atividades de entretenimento, ou os custos com seguros.
A iminência de um novo ciclo governativo aumenta a expectativa relativamente à atenção que será dada a estes temas. A garantia de que o presidente da Federação Portuguesa de Futebol será um aliado na discussão destas matérias reforça, porém, a esperança na criação de condições para crescermos todos ainda mais.