E se fossem iguais os custos de contexto?

Se dúvidas existissem quanto às desigualdades a que estão sujeitos os clubes portugueses e os oponentes com quem disputam jogos nos palcos europeus, a realidade encarregar-se-ia de o elucidar.

Ainda recentemente, e a propósito do regime relativo à reparação dos danos emergentes de acidentes de trabalho dos praticantes desportivos profissionais, o presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, teve a oportunidade de evidenciar que as sociedades desportivas gastaram 25 M€ para cumprir com as suas obrigações em matéria de seguros. Foram 140 M€ nas últimas oito épocas, num cenário absolutamente desigual, quando considerado o contexto internacional.

Analisada, por outro lado, a carga fiscal nos diferentes países, verificamos que teimam em ser revertidas algumas das medidas impostas à indústria do futebol português aquando do programa de assistência da troika (caso do IVA nos bilhetes), tornando-se crucial uma reforma fiscal em sede de IVA, bem como a redução das taxas de IRC e IRS, que garantam ao futebol profissional um tratamento igual a outros setores de atividade (a nível nacional) e evitem tamanha desproporcionalidade (a nível internacional).

Da parte da Liga Portugal, cedo os clubes perceberam que a criação de condicionantes nos sorteios para os participantes nas competições da UEFA é decisiva para a afirmação do futebol português no contexto europeu. Graças ao regulamento das competições da Liga Portugal em vigor e à colaboração das sociedades desportivas, é possível constatar que o Inter de Milão teve menos 24 horas de descanso do que o SL Benfica, o Union Berlim menos 42 horas do que o SC Braga, o Barcelona mais 15 minutos do que o F. C. Porto e a Atalanta menos 21 horas do que Sporting CP. Os clubes e a Liga Portugal têm feito a sua parte.

O futuro exige, pois, um quadro legal que atenda às especificidades e peso do futebol profissional e que verdadeiramente potencie a competitividade internacional dos clubes portugueses. Caso contrário, a pergunta inquietante perdurará: e se fossem iguais os custos de contexto?