Dizem as boas práticas que um jornal e quem o faz não devem ser notícia, mas 133 anos de existência justificam que se abram exceções.
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E se é certo que relatar e analisar as histórias dos outros e do país é a função primordial do jornalismo, ajudando a desvendar o que se esconde para lá da correria dos dias, um jornal também partilha das convulsões do Mundo que o rodeia. Sentimos o inevitável impacto de um país em crise, de empresas e leitores que sofreram a erosão causada pela pandemia, de uma incerteza que assume contornos económicos e sociais. Apesar dos resultados financeiros que se mantêm solidamente positivos, o JN tem sofrido a pressão de objetivos exigentes, num tempo que é de acelerada mudança.
Sabemos que não há liberdade editorial sem sustentabilidade económica. E essa é uma equação que merece forte reflexão de todos, coletivamente. De redações, leitores, empresários, decisores que se esquecem do papel que os jornais desempenham em territórios de baixa densidade onde a distribuição não traz rentabilidade, de todos os que acreditam numa informação esclarecida e rigorosa. É urgente refletirmos sobre o risco das fake news, mas também sobre as ameaças à liberdade mesmo quando se aparenta estar a protegê-la, como ainda agora acaba de acontecer no artigo 6.º da Carta Portuguesa dos Direitos Humanos na Era Digital.
"Territórios em transição" foi o mote que escolhemos para o aniversário deste ano, porque vivemos um tempo de transição política, social, económica, digital. A proximidade está no ADN do "Jornal de Notícias", que sendo nacional sabe o que é estar fora do centro de decisão. Essa aproximação às pessoas e às suas prioridades, percorrendo todas as geografias, é uma marca absoluta da identidade do JN.
O nosso único poder está nos leitores. São eles, são vocês, que fazem o JN o que ele é, livre e resistente, com uma história bem maior do que a soma de quem vai passando por ele em cada momento. É a vocês, leitores, que a cada dia procuramos servir com responsabilidade. E com a liberdade de acreditar no valor único do direito de informar e de ser informado.