Europeias 2024: análise dos resultados do EUVoto
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O "Jornal de Notícias" e a TSF lançaram recentemente o EUVoto, uma nova ferramenta que convida os utilizadores a expressarem as suas opiniões sobre 30 temas importantes para o próximo mandato do Parlamento Europeu, e a identificarem as candidaturas que melhor se alinham com as suas ideias. Embora não seja uma ferramenta científica – a amostra não é representativa e os utilizadores podem participar várias vezes – as mais de 5 mil respostas obtidas revelam padrões interessantes sobre os temas que mais preocupam os eleitores e que poderão influenciar o seu voto.
Os temas mais relevantes para os utilizadores nem sempre coincidem com aqueles que dominaram os debates e a campanha eleitoral. Destaca-se a preocupação com a desinformação nas redes sociais, mencionada por 23% dos participantes, sendo que a maioria (59%) defende uma maior responsabilização das plataformas digitais pelos conteúdos divulgados. Segue-se o investimento nas ligações ferroviárias transeuropeias, com 15% das menções e um apoio quase unânime (95%). Questões como o salário mínimo (13%) e a energia nuclear (12%) também se destacam, com a maioria (57%) a concordar com a introdução de um valor mínimo de referência para cada Estado-Membro e a considerar a energia nuclear como uma solução transitória para combater o aquecimento global e alcançar a neutralidade carbónica até 2050. Além disso, 11% dos utilizadores mencionam a tributação mínima sobre os rendimentos das grandes empresas, com a qual três quartos concordam.
Por outro lado, embora tenham ocupado uma parte significativa da campanha eleitoral, questões como as migrações e a situação na Ucrânia não aparecem entre as mais importantes para os utilizadores. Menos de 10% mencionam esses assuntos como ‘especialmente importantes’. No que toca à Ucrânia, a maioria dos utilizadores expressa apoio à sua eventual adesão à UE (60%) e à continuação do apoio militar ao país (56%), alinhando-se com a posição da maioria dos partidos com representação parlamentar (com exceção da CDU). Quanto às migrações, embora haja pouco apoio ao restabelecimento dos controlos fronteiriços permanentes entre os Estados-Membros (26%), a maioria concorda que os requerentes de asilo deveriam aguardar o resultado dos seus pedidos nas fronteiras externas da UE (55%) e com a restrição de ajuda ao desenvolvimento aos países que não cooperam na receção dos requerentes de asilo rejeitados (60%).
Estes resultados sugerem uma desconexão entre os temas que mais preocupam os cidadãos e aqueles que por vezes dominam a agenda mediática, convidando-nos a refletir sobre as estratégias de campanha dos partidos e a cobertura dos media.