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Foi há tantos anos que nem saberei dizer quantos. Um "sim" e "não" permanente, ao sabor dos governos que mandavam em Lisboa. De qualquer maneira, no Porto, tanto a Maternidade Júlio Diniz como o Hospital de Crianças Maria Pia continuavam a lutar sem desfalecimento pelo seu sonhado Centro Materno-Infantil. Com certeza que havia problemas, os direitos dos moradores da Parceria Antunes, sendo dos que mais nos preocupavam, mas um dia até esses pareceram resolvidos. O projecto que então se encomendou era do agrado de toda a gente, conservando em destaque, como pedíamos, o belo edifício da Maternidade.
Até que um dia, pelos jornais, soubemos que os equipamentos iriam para o Hospital de Santo António, depois para o de S. João, e, em consonância, de um dia para o outro, nasceu à ilharga da Maternidade, comendo-lhe o terreno disponível, o bairro que substituiria a Parceria Antunes. Tudo parecia perdido, mas neste país manda quem pode e nem sempre todos pensaremos que manda bem. Por isso, o presidente do Conselho Geral da Maternidade se demitiu. Aliás, que se saiba, esse Conselho nunca mais se reuniu, a lei pensa-se que não terá sido cumprida, mas isso em Portugal muitas vezes acontece. Ninguém lhe tendo aceitado a demissão, ficou presidente demissionário mas não demitido, situação que, prolongando-se anos a fio, é pelo menos estranha. Mas fosse só essa que fosse estranha!
Até que as ideias voltaram a mudar, mandou-se logo fazer novo projecto para os terrenos sobrantes na Maternidade, corrigiu-se no que tinha a corrigir e, agora sim, no terreno amputado foram projectados os novos edifícios qu,e com o que existe, remodelado, hão-de prestar às mulheres e crianças do Porto e seu termo o serviço de que necessitam, com a qualidade que lhes é devida. No dia 23 de Julho, na Maternidade, foram assinados os documentos que asseguram o financiamento por fundos comunitários do novo Centro Materno-Infantil de que o Porto precisa e se quer orgulhar. O prazo será de 30 meses. Pertencerão definitivamente ao passado os números de mortalidade infantil que nos envergonhavam, confirmando-se e melhorando os que, mesmo já agora, mercê do muito querer e saber dos médicos e dos trabalhadores da Maternidade, nos põem no topo da Europa. Como exigimos e tem de ser.