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Esta semana fica inevitavelmente marcada pelo facto de quatro clubes portugueses garantirem a sua continuidade nas competições europeias: três na Liga Europa (Sporting, Benfica e Braga) e um na Liga dos Campeões (F. C. Porto). Quantos países, porém, enfrentando custos de contexto similares àqueles com que se deparam os clubes portugueses, podem dizer o mesmo?
A verdade é que quando os clubes portugueses competem internacionalmente, fazem-no em absolutas condições de desigualdade. Portugal tem o regime fiscal mais pesado quando comparado com os principais países do ranking europeu. As taxas de IRS e IRC por cá praticadas tornam evidentes as limitações na capacidade de investimento e de competitividade externa, face a modelos fiscais mais favoráveis do que o português. Entre os principais países e campeonatos europeus, a tributação é inferior, permitindo assim atrair mais talento, em condições mais vantajosas.
Mas o que dizer (também) da repartição das verbas provenientes das apostas desportivas, que não têm como seus principais destinatários aqueles que as geram? E do IVA dos bilhetes cobrado para assistir a um jogo de futebol? E as alterações ao programa Regressar, que agora limitam (ainda mais) o regresso de jogadores e treinadores a Portugal?
O desporto, nomeadamente o futebol, tem-se assumido como um dos setores mais dinâmicos da economia portuguesa. É, também, inegável a contribuição do futebol para a projeção do país no exterior, tornando incompreensível que o seu reconhecimento internacional não tenha, internamente, condizente resposta.
É tempo, por isso, de os partidos políticos encararem a mudança de ciclo que se avizinha para, finalmente, virarem a página e consagrarem nos seus programas um conjunto de medidas concretas que o desporto tanto precisa. Porque se o reconhecimento do futebol português já é inegável face aos resultados neste contexto, imaginem agora se tivéssemos outras condições.