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Mais cedo do que seria de esperar, Portugal prepara-se para ir a votos, com a expectativa renovada de que as diferentes forças políticas se mobilizem para apresentar à sociedade propostas consistentes e coerentes com uma lógica de desenvolvimento sustentado, em todas as frentes. O Desporto constitui, neste capítulo, um caso paradigmático da abordagem que se espera dos potenciais futuros governantes.
Todos concordamos que se trata de uma área essencial para o bem-estar da população, com impacto ao nível da saúde física e mental, e cujas incontáveis virtudes não oferecem discussão. No entanto, aquilo a que temos assistido, sistematicamente, é a uma atitude de menosprezo desta realidade, na esmagadora maioria dos programas eleitorais. Isso mesmo ficou evidente, há cerca de um ano, por altura das últimas eleições legislativas. A escassez de propostas e o caráter genérico das ideias reservadas para o Desporto mereceu, de resto, o devido reparo por parte de vários setores da nossa sociedade.
Estamos habituados a vibrar com o Desporto e os exemplos de conquistas que proporciona constituem momentos ímpares de celebração para a sociedade e para os políticos. Na base dessas alegrias está, porém, todo um universo que deve merecer mais do que propostas genéricas. Acima de tudo, está um setor que, no caso do futebol, e na vertente específica do futebol profissional, tem as prioridades claramente definidas. São medidas estruturantes, pensadas e sistematizadas com os diferentes agentes desportivos desta indústria que precisa ver aliviados custos de contexto para se manter competitiva e enfrentar os desafios que se avizinham, com a entrada no mercado de comercialização centralizada dos direitos audiovisuais.
As diferentes forças políticas que vão a votos, a 18 de maio, estão familiarizadas com os temas que reclamam revisão urgente, como a carga fiscal, a distribuição das verbas das apostas desportivas, a prevenção da violência ou o apoio às infraestruturas. O que se espera é que, desta vez, deem a estas matérias um tratamento digno. O Desporto, e o futebol em concreto, precisam desse compromisso.