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Quando em abril de 2021 a Superliga Europeia apresentou o seu formato enquanto liga fechada, prometia mudar o mundo do futebol tal como o conhecemos: o futebol do mérito, do sonho, da solidariedade financeira, onde da base ao topo todos participam e podem ascender. Ironia do destino, 72 horas depois, o projeto sofria revés maior do que o mediatismo da sua apresentação.
Fruto da união dos clubes e da força dos adeptos, a afirmação da função social e educativa do modelo europeu de Desporto saiu nessa altura reforçada, enquanto modelo verdadeiramente assente numa estrutura piramidal, da base até ao profissional, com competições abertas a todos os participantes e tendo, sobretudo, como pano de fundo, a promoção/despromoção com base no mérito desportivo.
Esta semana, dois anos e meio depois, tomamos conhecimento da decisão proferida pelo Tribunal de Justiça da União Europeia no caso da Superliga, resultando claro que a organização de competições de futebol é uma atividade económica ao abrigo do direito comunitário, sujeita às regras da concorrência e ao respeito pela liberdade de circulação, mas de onde não resultou que um projeto como a Superliga deva, necessariamente, ser aprovado, pois que não foi sequer avaliada a sua legalidade. E mesmo que se entendesse que a Superliga teria recebido luz verde para avançar, a questão de fundo vai muito além da discussão jurídica.
Na conferência de Imprensa que convocou para reagir ao tema, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, teve a seu lado dois dos homens-fortes do dirigismo europeu na atualidade, Pedro Proença, presidente da European Leagues e da Liga Portugal (o nosso futebol profissional no centro das mais importantes discussões e decisões internacionais!) e Nasser Al-Khelaifi, presidente da Associação de Clubes Europeus (ECA) e do PSG, assim como representantes dos outros principais “stakeholders”. Todos unidos na defesa de um princípio sagrado: o futebol é de todos e para todos!
P. S. - Votos de um Feliz Natal para os leitores do “Jornal de Notícias” e para todos os adeptos do futebol.