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É conhecida a anedota em que um amigo pergunta ao noivo: vais casar-te por amor ou por interesse? Ao que este responde: deve ser por amor que eu, nela, não tenho interesse nenhum! Foi esta anedota que me veio à cabeça quando ouvi António Costa, em entrevista à TVI, afirmar, relativamente ao PCP e ao BE, que "dá para sermos amigos mas não dá para casar". Porque, tal como o protagonista da anedota, é evidente que António Costa encara o "namoro" com os partidos à sua Esquerda por interesse mas sem amor...
E, nos últimos tempos, esta faceta de Costa tem-se acentuado. Animado com as sondagens e respaldado no concubinato oferecido por Rui Rio, Costa aproxima-se novamente do seu estado natural (palavras de Esquerda com políticas de Direita), ao mesmo tempo que regressa à arrogância socrática e às trapalhadas típicas dos socialistas.
De facto, e desde que Rio chegou a presidente do PSD, vemos, entre vários outros, os acordos feitos com este partido em matéria de legislação laboral e da designada "descentralização". Quanto ao primeiro, não tendo a coragem de assumir que, objetivamente, pretende manter muitos dos retrocessos impostos por Passos Coelho, chumba as diferentes propostas da Esquerda, "argumentando" que as mesmas devem ser remetidas para o Conselho de Concertação Social - o que me faz recordar as palavras do ultrarreacionário ex-líder da CIP, Pedro Ferraz da Costa, que dizia que, em matéria laboral, os governos do PS eram "melhores" do que os da Direita... Situação que se vai repetir com a proposta do PCP de passar o salário mínimo para 650 euros em 2019! Em matéria de "descentralização", o pacote negociado com o PSD é uma vergonha que não visa, efetivamente, descentralizar mas sim atafulhar os municípios com inúmeras competências (muitas delas com escala regional), sem a correspondente transferência de meios e mantendo o poder de decisão política nas mãos do Governo.
Quanto a arrogância, ouvir Costa, em dia de manifestação de dezenas de milhares de professores (que, objetivamente, apenas pretendem o cumprimento do que está estabelecido na lei do orçamento para 2018!), dizer que ou aceitam a sua proposta ou "paciência", está em linha com a socrática ex ministra Maria de Lurdes Rodrigues, que gerou a maior onda de indignação dos professores pelo desrespeito com que os tratou.
Quanto às trapalhadas, e para além do que agora se passa no Ministério da Defesa relativamente a Tancos (esta do ministro desertar das comemorações do 5 de Outubro, que tiveram uma componente militar, não lembra ao mais pueril mancebo!), o que se passou com o Infarmed e a sua (não) transferência para o Porto mostra bem os tiques do passado...
É isto que os eleitores de Esquerda querem?
* ENGENHEIRO