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Numa altura em que a Arábia Saudita se tornou o novo “El Dorado”, com consequências ainda imprevisíveis para o mercado europeu, Di María surge como exceção à regra e regressa à Luz, uma casa onde foi feliz. Treze anos depois, o campeão argentino volta ao Benfica e é recebido em delírio pelos adeptos, junto à estátua de Eusébio. Há momentos que são impagáveis e este terá sido, certamente, um deles na vida/carreira de Di María.
Vejo aqui muito mérito de Rui Costa, que tem a vantagem de ter sido futebolista (de classe mundial) e conhecer o balneário e a forma como o jogador pensa e reage. O presidente do Benfica tem o mérito de entrar na cabeça dos jogadores e só por isso, estou convicto, é que foi possível convencer Di María a trocar os milhões e a reforma dourada na Arábia Saudita pela continuidade no futebol europeu. Aos 35 anos, o novo camisola 11 admitiu que escolheu com o coração e esse é um luxo caro nos dias que correm. São raros aqueles que se podem dar ao luxo de escolher o que querem, relegando para segundo plano a vertente financeira, mas também são esses “independentes” que, por norma, se tornam os melhores.
Scolari disse, há dias, que se tornou muito melhor treinador, a partir do momento em que deixou de se importar com o dinheiro e começou a fazer só o que queria. É fácil de entender...
No inverso, vejo o caso de João Félix e a “encruzilhada” em que está metido. Não morro de amores pelo internacional português, vejo ali uma ascensão meteórica em seis meses de Benfica e uma hipervalorização que depois não teve continuidade no Atlético de Madrid, nem agora, mais recentemente, no Chelsea. O clube londrino não quis renovar o empréstimo e no emblema espanhol a camisola 7 já foi entregue a Griezmann. Acho também piada quando leio notícias que o jogador “aceita” o PSG. Não deveria ser o contrário? Neste caso, um convite da Arábia era uma dádiva para Félix.
*Editor adjunto