Esqueçam F. C. Porto, Benfica ou Sporting. Ou Manchester City, Liverpool, Real Madrid e Bayern. É todos os dias a falar nos grandes. Desta vez, vamos olhar para os "underdogs", aqueles que com poucos recursos conseguem milagres com migalhas.
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Sempre tive uma admiração especial por eles, aliás não é por acaso que quando vesti a pele de treinador no Championship Manager optei por clubes como o Birmingham City ou a Atalanta, na altura sem a expressão que alcançou recentemente ao atingir a fase de grupos da Liga dos Campeões. Serve a confissão para justificar o meu aplauso aos outros campeões da Liga, que acaba este fim-de-semana. Os verdadeiros campeões sem título, que alcançaram o objetivo sem chicotadas e... com talento. Falo de Estoril, Vizela e Arouca, que chegaram esta época à Liga e, a uma jornada do fim, confirmaram a continuidade.
Os canarinhos, de Bruno Pinheiro, aliás, chegaram a piscar o olho à Europa, mas o mercado de janeiro e a saída de jogadores chave como Chiquinho (Wolverhampton) congelaram o sonho. O Vizela, de Álvaro Pacheco, com futebol de qualidade e um público fantástico, mostrou que se pode ter prazer no jogo e manter a competividade. O Arouca, de Armando Evangelista, apesar dos altos e baixos, teve sempre uma ideia definida e dedo de treinador, o que se revelou decisivo na reta final do campeonato. Em comum, a estabilidade que tiveram ao longo da época que lhes permitiu chegar ao final do caminho com um sorriso no rosto.
As estruturas resistiram à tentação das "chicotadas", nos momentos de aperto, e o resultado está à vista. No lado oposto, Belenenses SAD, Moreirense e Tondela trocaram de treinador, alguns como quem troca de pares de meias, e seguem para a última jornada apenas com a possibilidade de evitar a descida direta, lutando pelo play-off. Um cenário que serve de profunda reflexão para quem toma decisões. Um exemplo para o futuro.
*Editor adjunto